A importância das vogais no canto

“Nós cantamos apenas vogais” já não sei ao certo de que quem ouvi isto, penso ter sido de um professor. Na altura abriu-se uma porta assim que tomei consciência de que só conseguimos suster as vogais, logo só cantámos vogais.

Articulação no canto, por Sónia André do blog Tudo sobre canto
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Podemos considerar que as consoantes no canto são barreiras articulatórias, barreiras à passagem do ar e do som.

Zona das consoantes e vogais Tudo sobre Canto Blog
Zonas de consoantes e vogais

As vogais são os sons que conseguimos manter por mais tempo. As consoantes são de execução rápida, não conseguimos prolongar o som da consoante.

Logo, no canto as vogais permitem suster as notas que estamos a dar. No fundo, o som produzido pela vibração das cordas vocais ao chegar à boca transforma-se na vogal que estamos a moldar.

“ Vowels are unabstructed and voiced: the vocal folds are vibrating, but there is nothing in the vocal tract interfering with the exit of the sound. Consonants are partially or fully obstructed, and may be voiced or unvoiced. For exemple, to make the sound “f” the bottom lip is touching the top teeth, allowing the airflow through under higher pressure (partially obstructed) but the vocal folds do not vibrate (unvoiced).”

This is a Voice by Jeremy Fisher & Gillyanne Kayes

Um bom exemplo das movimentações que ocorrem na boca quando moldamos uma vogal é a posição da língua, este músculo assume diferentes configurações de acordo com a vogal a moldar. Por exemplo, no (o)a língua posiciona-se nas regiões baixas da boca, no (e) posiciona-se nas regiões médias da boca e no (i) nas regiões altas da boca.

Posição da língua nas vogais, blog tudo sobre canto de Sónia André
Posição da Língua nas vogais

Devemos procurar assumir uma postura natural e relaxada na língua na produção de vogais, ela naturalmente irá com os vocalizos encontrar a posição ótima para cada vogal.

Alguns métodos defendem que esta deve ter a posição idêntica a uma concha ou colher, mas esta posição não deve ser forçada.

Existem alterações na articulação das palavras no canto ao longo da escala, ou seja, quando estamos a cantar a vogal (a) no registo grave não temos o mesmo molde que temos no registo agudo, ou seja, o espaço do (a) nos graves é mais reduzido do que o espaço do (a) nos agudos.

Alguns métodos defendem mesmo posturas (moldes) de articulação específicos para cada vogal como descrito abaixo.

Vogal (a): lábios ovalados, separar as arcadas dentárias, na zona grave, média e aguda aumentando o espaço dos graves para os agudos.

Vogal (e): na zona grave ligeiro sorriso; nos médios separar as arcadas dentárias levemente; nos agudos ovalar os lábios e separar as arcadas dentárias consideravelmente.

Vogal (i): na zona grave simular um sorriso; nos médios o sorriso tem menos expressão; nos agudos os lábios em forma de biquinho.

Vogal (o): nos graves os lábios projetados para a frente em forma de biquinho; nos médios suaviza-se a postura dos graves e as arcadas dentárias separam-se uma da outra levemente, nos agudos lábios ovalados e arcadas dentárias separadas.

Vogal (u): em todos os registos lábios projetados para a frente, a fazer biquinho, aumentando levemente o espaço dos graves para os agudos.

Como podemos observar na descrição da execução das vogais apresentada, nos agudos temos mais espaço na cavidade oral ao moldar as vogais.

“These toungue, lip and jaw positions are really only a guide. In reality, even within he same country there will be variations in vowel placement according to regional and socio-linguistic customs. Language is also a living and changing entity and therefore pronounciation Styles differ between eras.”

This is a Voice by Jeremy Fisher & Gillyanne Kayes

Estes moldes apresentados para cada vogal não podem ser rigidamente executados, como já foi referido. Cada pessoa possui características específicas e devemos respeitar a naturalidade do funcionamento dos músculos articulatórios. Podemos treiná-los, mas respeitando o seu funcionamento.

De ter em conta que, no canto lírico, por exemplo em comparação ao canto jazz, a postura da boca muda e isso também interfere com a sonoridade desejada. A maior parte dos métodos de técnica vocal para cantores foi criado para cantores líricos logo, esta análise da postura das vogais deve ser tida em conta com leveza.

Uma forma eficaz de treinar os diferentes moldes para as vogais em cada registo será através de vocalizos, pois ao cantar as notas ao longo da escala teremos de fazer estas adaptações a cada molde de forma a executar os diferentes registos da voz.

Vocalizos ou vocalizes são exercícios vocais, para treinar a voz. Normalmente são praticados com o auxílio do piano, onde se executam linhas melódicas com a voz. A prática dos vocalizos tem como objetivo adquirir a técnica necessária ao canto e desenvolver autoconhecimento do instrumento vocal.

As consoantes também sofrem alterações durante o canto, mas mais em velocidade de execução do que propriamente em espaço, a solução normalmente passa pela rápida execução da consoante de forma a pousar confortavelmente na vogal ou ditongo seguinte.

“Sing on the vowel sound and articulate the consonants quickly and cleanly. While certain styles may call for variations, do it by choice, not by inattention. Communication is the thing, so be as clear as possible.”

The Zen of singing by Karen Gallinger

A articulação é um conteúdo extenso que em muito pode favorecer o conforto e aperfeiçoamento da técnica vocal, por essa mesma razão os próximos artigos serão sobre este tema.

Posição da Cabeça no Canto

Sem conhecer a ação dos músculos suspensores durante o canto, nunca iriamos perceber a importância da postura da cabeça.

O quanto a posição da cabeça influência o Canto Tudo sobre Canto blog de Sonia Andre
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Podemos pensar na laringe como um ‘elevador’, está suspensa por músculos qua a fazem subir e descer.

Estes músculos suspensores assistem a laringe em duas funções. A engolir, ou seja, a primeira função da laringe é fechar para evitar a entrada do alimento na via respiratória.

Músculos Suspensores da Laringe, Blog Tudo sobre Canto de Sónia André
Suspensory Muscles of the larynx. p.48 Anatomy of The Voice, Illustrated by G. David Brown

No canto os músculos suspensores da laringe devem estar livres de tensão, e a laringe deve estar numa posição neutra (baixa, não deve subir) de forma às cartilagens esticarem as cordas vocais e a garganta que é a principal cavidade de ressonância se manter na posição aberta.

“When we sing, however, the swallowing muscles that elevate and constrict the larynx tend to come into play, particularly when we sing in falsetto or head registers. In order to maintain a low position of the larynx and an open throat, the action of the swallowing muscles that elevate the larynx must be countered by muscles pulling down on the larynx, antagonistically supporting it within a web of muscles. This makes it possible to raise the pitch without interfering with the vibratory action of the larynx, and maintain an open throat. Engaging the suspensory muscles in this way is one of the most important skills a trained singer must learn.”

Anatomy of the Voice, Theodore Dimon

Tendo agora conhecimento destes da ação destes músulos percebemos que devemos manter a cabeça numa posição em que consigamos articular e mexer livremente o queixo o que nos permite cantar no registo de cabeça e falsete sem tensão, esticando as cordas vocais e abrindo a garganta para o som entrar nas cavidades de ressonância correspondentes e ao mesmo tempo temos a língua e o queixo livres para articular.

 

Posição da Laringe no Canto, blog de Sonia Andre Tudo sobre Canto
Posição da Laringe no Canto. p.143 do Livro This is a Voice de Jeremy Fisher & Gillyanne Kayes

“The depth and fullness of the oscuro component of this sound quality is achieved by using a “comfortably low” larynx, which elongates the tube of the vocal tract. This laryngeal posture is often referred to as the “sob setting” because in speaking voice it’s similar to the position of the larynx during the act of sobbing.”

This is a Voice de Jeremy Fisher & Gillyanne Kayes

Reparo que é um erro comum com os meus alunos o de dirigir o olhar para o teto e levantar a cabeça sempre que temos que cantar no registo mais agudo isto eleva a laringe e aciona estes músculos suspensores, consequentemente fechamos a garganta e temos o maxilar preso para articular.

“They lower  their chins to their chests, thinking that’s where the low pitches are. Then they raise their heads to the sky, stretching their necks like giraffes eating leaves from a tall tree, as though this position will somehow help them hit the high notes. It just doesn’t work like that. And the pain in the neck that results is just one more source of strain that keeps them from gaining access to the middle.”

Set your voice free. Roger Love with Donna Frazier

posição errada da cabeça no canto
b) Strained appearance of the singer; c) Lines of force of the elevators; p.51 from Anatomy of The Voice, Illustrated by G. David Brown

“All of this activity is associated with tightening the throat, as we can clearly be seen in untrained singers who “reach” for high notes by raising the larynx and tightening the entire neck and larynx in the process.”

Anatomy of the Voice, Theodore Dimon

Devemos monitorizar estes movimentos bruscos da cabeça tendo em conta que isso influência todo o funcionamento da voz. Podemos fazê-lo fazendo recurso a um espelho.

 

Ressonância na Voz

A ressonância é o resultado de um som que encontra um espaço e se expande. Logo a ressonância na voz é a amplificação da voz por meio de cavidades.

Ressonância, Tudo sobre Canto Blog da cantora e professora Sónia André
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Depois de as cordas vocais vibrarem com a passagem do ar, este transforma-se em som.
Logo, o ar dá origem a uma frequência fundamental e muitos harmónicos que se amplificam nas cavidades nasal e oral.

Nota fundamental e Harmónicos da Voz, Blog Sónia André Tudo sobre canto
Nota Fundamental e seus harmónicos

“…, o som emitido pelas cordas vocais é muito pouco definido parece-se quase com ruído, pois contém quase todas as frequências usadas na fala com igual peso. É a cavidade ressonante, constituída pelas cavidades oral e nasal, que vai transmitir seletivamente as frequências presentes no som emitido pelas cordas vocais e moldar o espectro.”

Acústica / Ressonância por R. Guerra

Se pensarmos que a voz tem três caixas de ressonância, e que cada caixa está destinada a uma gama de sons, sons graves (registo de peito ou voz de peito), sons médios (registo médio ou voz média) e sons agudos (registo de cabeça ou voz de cabeça), temos que canalizar esses sons para a sua caixa de ressonância amplificando assim, a frequência fundamental desse som e os seus harmónicos constituintes, irá permitir-nos ter um som encorpado e distinto.

Caixa de Ressonância Inferior: constituída por faringe, tórax, traqueia e brônquios.
Caixa de Ressonância Superior: constituída por cavidade oral, cavidade nasal e seios paranasais.

Cavidades de ressonância da voz, Blog Tudo sobre canto de Sónia André
Cavidades de Ressonância da Voz

“É a combinação dos dois efeitos (variação das frequências de
ressonância e variação do espectro de harmónicos emitido pelas cordas vocais) que produz a riqueza de sons que usamos para comunicar.”

Acústica / Ressonância por R. Guerra

Temos que através do ar transportar os sons para a sua caixa de ressonância, com isto temos uma direção para o ar expirado.

“To attack a tone, the breath must be directed to a focal point on the palate, which lies under the critical point for each different tone; this must be done with a certain decisiveness. There must however, be no pressure on this place; or the overtones must be able to soar above, and sound with, the tone.”

Lehmann, Lili, (1902). How to sing. 

No entanto, o processo de articulação também é responsável por direcionar os sons para as suas cavidades de ressonância. Óbvio que isto não é assim tão linear, mas ao atribuir uma caixa de ressonância a cada registo estamos a simplificar este processo o qual definimos como colocação da voz.

“De acordo com o que já vimos, esperamos que os sons correspondentes às frequências próximas das frequências de ressonância sejam amplificados e que os sons correspondentes a frequências afastadas das ressonâncias sejam atenuados. E quais são as frequências de ressonância associadas às cavidades oral e nasal?”

Acústica / Ressonância por R. Guerra

Se tomarmos de exemplo um instrumento como a guitarra, as diferentes formas do corpo do instrumento e o tipo de madeira tem de ser adequados para poder amplificar os sons que resultam das vibrações das cordas. Logo, na voz a forma das nossas cavidades bucal e nasal permitem essa amplificação.

Articulação e Ressonância da voz Tudo sobre canto blog de Sonia Andre
Representação do molde da boca e da sua frequência

“In instruments changes in the length and form of the resonance
chambers affect the pitch as well as the quality of the tone.”

Fillebrown, Thomas (s.d). Resonance in singing and speaking.

O registo grave corresponde a um conjunto de notas, estas notas tem uma frequência e os seus correspondentes harmónicos, possuem características específicas logo, necessitam de um molde específico para se amplificar, vamos pensar neste molde como a caixa de ressonância inferior.

O registo médio, muitas vezes negligenciado e incluído no registo de cabeça, podemos aqui defini-lo como uma mistura da voz de peito e da voz de cabeça, logo possui características específicas e necessita de um molde específico, vamos pensar neste molde como parte da caixa de ressonância superior. Parte pois, este conjunto de notas é amplificado principalmente na cavidade oral.

O registo agudo, por sua vez também tem características específicas logo também necessita de um molde específico para se amplificar, este molde faz parte da caixa de ressonância superior, principalmente a cavidade nasal e os seios paranasais.

Esta divisão como já foi referido não é assim tão linear, mas este esquema mental de divisão dos sons ajuda na direção e colocação dos sons para que os possamos amplificar e enriquecer.

Colocação no Canto e Ressonância, blog de Sonia Andre Tudo sobre Canto
Direção e colocação nos diferentes registos do livro The Zen of Singing. Breath Direction. p.10

“Breath direction controls quality, resonance, and volume. Since harmonic overtones are made by directing the breath into different parts of the mouth, you can control the sound by where you direct your breath.”

The Zen of Singing. Breath Direction.  Karen Gallinger’s

A ressonância é um fenómeno acústico responsável pela nitidez e distinção dos sons. Assim, conseguimos perceber se estamos a cantar um lá ou um sol.

O ouvido, depois de treinado a identificar, distingue as notas porque a frequência fundamental e os respetivos harmónicos são amplificados.

Não foi por acaso que descrevemos as cavidades de ressonância como moldes, pois como já vimos a cavidade oral faz parte das cavidades de ressonância superiores, é com esta que moldamos os sons e os transformamos em vogais e consoantes.

Timbre é igual a Registo?

O Timbre é em música um som com características específicas resultantes do instrumento que o produz e do seu ambiente. Assim podemos ter duas guitarras na mesma sala (ambiente) e estas podem estar a produzir a mesma nota, mas no entanto, o seu timbre é distinto pois possuem, por exemplo, madeiras, forma e tipo de cordas diferentes.

Artigo Registo igual a timbre, Blog Tudo sobre Canto
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Na Voz isso ainda é mais evidente! O timbre na voz é como uma impressão digital. Todos temos uma voz única, não existe mais nenhuma igual à nossa.

No entanto, é possível classificar vozes com características idênticas apesar dos seus timbres serem diferentes e daí os nomes que já ouviu com certeza falar, Soprano, Tenor, …

Agora onde entra o termo Registo. Aliás faz sentido falar de registos no plural.

Os registos são conjuntos de notas com características comuns. As cordas vocais assumem uma posição e uma determinada tensão para produzir graves, médios e agudos.

Posição das cordas vocais num ciclo de vibração.

A partir desta constatação percebemos que iremos ter três registos. O registo de peito ou voz de peito (graves), registo médio (médios) e registo de cabeça ou voz de cabeça (agudos).

Cada registo obriga a uma quantidade e pressão de ar distinta. Também, cada registo possui harmónicos específicos que devem ser amplificados na sua caixa de ressonância.

A cavidade oral é responsável pela articulação desses sons, formando moldes específicos para as notas.

Em suma, podemos encontrar estes três registos em todas as vozes. O que acontece frequentemente é que ainda não possuímos as ferramentas para os aceder com facilidade.

 

Como funciona a Voz?

“There is only one way to sing correctly, and that is to sing naturally, easily, comfortably.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

Como funciona a Voz tudo sobre canto blog
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Quando inspiramos o ar passa pelas cordas vocais e estas encontram-se na posição aberta. Assim que ouvimos uma nota, os músculos e cartilagens da laringe estendem as cordas vocais na pressão certa para que, a coluna de ar criada pelo aparelho respiratório ao passar pelas cordas vocais, as faça vibrar, produzindo a nota musical que ouvimos anteriormente.

“I’m a stronger believer in the idea that the more you understand about what’s happening in your body as you speak and sing, the better you’ll sound.”

Roger Love do livro Set your voice free.

O aparelho vocal é constituído por inúmeros órgãos e grupos de músculos e nervos. Trata-se de um conjunto de mecanismos flexíveis que operam em harmonia.

A Laringe é um tubo cartilaginoso de forma irregular, que liga a faringe à traqueia e onde se situam as cordas vocais, esta tem a função de evitar a entrada de alimentos na via respiratória e a produção de som.

Tensors of the larynx.
Ilustração do Livro Anatomy of the Voice

É importante no Canto percebermos onde se situam as cordas vocais e que a laringe se move pela ação de vários músculos. É um mecanismo flexível e tem que o ser, porque utilizamos os mesmos órgãos para várias funções.

Um bom exemplo disso é quando estamos a comer, muitos destes mecanismos que usamos para cantar assumem diferentes funções. Claro que isto tudo se aciona através do nosso cérebro e que não temos que pensar nisso.

A Cantar muitas vezes fazemos uma tensão na garganta e usamos a parte de trás da língua isto aciona partes do aparato vocal desnecessárias. Também ocorre com frequência a subida ou descida da laringe (visível através da maça de Adão, proeminência laríngea), este desequilíbrio faz com que as cartilagens responsáveis por estender as cordas vocais não se encontrem numa posição favorável para o fazer.

Action of the transverse and oblique arytenoid muscles, wich close the glottis.
Ilustração do Livro Anatomy of the Voice

“The brain is the overall regulator of these systems: activating muscles, providing information via nerve pathways, and using both sensory and auditory feedback to control and monitor the functioning of the tree systems. Except in rare cases, all humans are capable of making both spoken and sung sounds.”

Jeremy Fisher & Gillyanne Kayes do livro This is a Voice

Muitas vezes não entendemos o porquê de se fazer tantos exercícios vocais para se dominar a voz. Digamos que se percebermos que estes músculos funcionam sem o comando consciente direto, ou seja, os órgãos internos simplesmente funcionam, como iremos desativar as ações que não interessam à produção do som!?

Assim sendo, devemos primeiro perceber como o som é produzido e porque certos músculos se acionam. De seguida estimulamos o funcionamento ideal desses mecanismos para Cantar através de exercícios vocais.

Relaxamento no Canto- A sua importância e exercícios

Podemos perceber a influência das emoções no aparelho vocal quando, por exemplo, a nossa voz fica mais grave ou mais aguda se estamos irritados. A mudança de volume e intensidade também é um reflexo das nossas emoções.

Relaxamento no canto, blog tudo sobre canto
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As emoções também influenciam a respiração e motivam a contração dos músculos da garganta, dos músculos do pescoço e a posição dos órgãos de articulação.

No fundo todos os movimentos se harmonizam para expressar uma determinada emoção.

” Excess psychological emotional stress can play a rule in tension, and singers may need to deal with there stress, finding the source and then reducing its level through meditation, relaxation, massage, prayer, counseling, medical treatment, etc., before seeing alleviation of there muscular tension and improvement in there singing.”

Karyn O’Connor in Singingwise.com

Vou começar por enomerar alguns músculos que tem envolvimento no Canto mas que nem sempre pensamos neles. Músculos que utilizamos também para outras funções.

» Os músculos do pescoço que nos permitem mover a cabeça.

» A parte de trás da língua contrai para cima contra o palato mole iniciando o ato de engolir.

» As cordas vocais estão na posição fechada e a epiglote baixa quando engolimos um alimento. Quando inspiramos a epiglote sobe e as cordas vocais abrem para deixar passar o ar para os pulmões.

» Os músculos do mecanismo de suporte de som, aparelho respiratório, sustemtam o ato de respirar.

» Os articuladores, orgão envolvidos na articulação de palavras, também estão envolvidos no ato de engolir e mastigar.

Estas afirmações e conclusões servem-nos para perceber que muitos dos orgão envolvidos na produção de som também são utilizados para outras funções. Assim esses movimentos estão registados na nossa memória e muitas vezes desencadeamos um processo sem ter bem consciência disso.

Mesmo depois de aprender a postura correta para cantar muitas vezes continuamos a ter tensão em alguns músculos da garganta, pescoço e ombros. A solução passa por tomarmos consciência que não necessitamos de ativar alguns músculos que usamos de forma inconsciente. Por exemplo, muitas vezes quando sentimos falta de ar no Canto ‘contorcemos’ um pouco, fazemos tensão nas costas, ombros, abdómen por forma a ir buscar um pouco de ar.

O relaxamento corporal durante a produção de som é essencial para cantar no topo das suas capacidades. Para isso devemos já ter adquirido uma excelente postura e capacidade de respirar de forma diafragmática. Agora aos exercícios para melhorar a postura e de respiração vamos aliar exercícios de relaxamento.

Algumas considerações iniciais dos exercícios de relaxamento:

» Ter em atenção a postura correta de pé e sentado já referida no artigo Postura no Canto.

» Nos exercícios aplicar uma respiração diafrágmatica – intercostal.

» Sempre que inspira, faça-o pelo nariz lentamente e na expiração sopre (realizar a expiração pela boca) sempre de forma lenta e intensa até termonar.

» O ato de inspirar ou expirar, nestes exercícios, está sempre aliado a um movimento. Deve estar bem consciente dos movimentos e respirações quando executa os exercícios.

Exercícios de Relaxamento

1 – Posição de pé, eleve os braços em direcção ao teto enquanto inspira lentamente. Nesta posição, suspender a respiração por uns segundos, direccionando o olhar para o teto sentindo a extensão de todos os músculos. De seguida vire as palmas das mãos para fora, olhe em frente e expire lentamente soprando baixando os braços  em simultâneo. Repita 3 vezes.

Vanessa André ilustração 2019
Ilustração de Vanessa André exercício de relaxamento 1 para Canto, 2019.

 

2-Posição de pé, imagine que tem uma bola nas mãos, inspire pelo nariz lentamente. De seguida expire pela boca e inicie o movimento para pousar a bola no chão, fletindo os joelhos um pouco. Nesta posição dobrado inspire pelo nariz e depois ao expirar começe a elevar-se sentindo os elos da coluna a alinharem-se conforme volta à posição inicial.

Ilustração de Vanessa André exercício 2 relaxamento
Ilustração de Vanessa André, exercício 2 de relaxamento para o Canto, 2019.

3- Posição de pé, inspire pelo nariz lentamente. Ao expirar desça até ao chão, flita um pouco os joelhos se necessitar, até tocar com as pontas dos dedos no chão. Nesta posição deve estar a olhar para as suas pernas para que o pescoço fique relaxado.

Ilustração para método de Canto de Sónia André.
Ilustração de Vanessa André exercício de relaxamento 3 para Canto, 2019.

A partir deste centro ‘caminhe’ com as suas mão para a sua direita e execute três respirações completas nesta posição. Depois desloque-se da mesma forma para a esquerda e execute mais três respirações.

Já no centro na expiração volte à posição inicial.

4 – Inspirar lentamente e levantar os ombros em direção às orelhas, suster a respiração por uns segundos e ao expirar baixar lentamente os ombros rodando ligeiramente para trás de forma a sentir as omoplatas a fazer um movimento ‘circular’. Repita três vezes.

Ilustração para método de Canto de Sónia André
Ilustração de Vanessa André exercício de relaxamento 4 para Canto, 2019.

5 – Junte as mãos atrás das costas como na ilustração abaixo, faça três ciclos completos de respiração e troque de lado.

Ilustração de Vanessa André para método de canto de Sónia André
Ilustração de Vanessa André exercício de relaxamento 5 para Canto, 2019.

6 – Rodar os ombros para a frente e para trás respirando calmamente.

Ilustração para método de Canto de Sónia André, por Vanessa André
Ilustração de Vanessa André exercício de relaxamento 6 para Canto, 2019.

7- Ao inspirar levante os braços para cima em direcção ao teto. Ao expirar junte as mãos pressionando as palmas uma contra a outra trazendo-as para o centro do peito. Repita o exercício três vezes.

Ilustração de Vanessa André para método de canto de Sónia André
Ilustração de Vanessa André exercício de relaxamento 7 para Canto, 2019.

8 – Junte as palmas das mãos em forma de oração atrás das costas no meio das omoplatas e faça três ciclos de respiração, Se não conseguir juntar as mãos desta forma, e só conseguir tocar ligeiramente as mãos, concentre-se em manter a coluna reta e faça o exercício na mesma, sem forçar.

Ilustração de Vanessa André para método de canto de Sónia André
Ilustração de Vanessa André exercício de relaxamento 8 para Canto, 2019.

9 – Sentado coloque uma mão na testa e faça força na cabeça contra a palma da mão e força na palma da mão contra a cabeça, forças opostas. A coluna deve estar reta. Faça três ciclos completos de respiração nesta posição. Irá sentir relaxamento quando terminar na parte de trás do pescoço.

Ilustração de Vanessa André para método de canto de Sónia André
Ilustração de Vanessa André exercício de relaxamento 9 para Canto, 2019.

10 – Este exercício é similar ao anterior, a única diferença é que vai colocar a mão direita na parte lateral direita da cabeça exercendo força oposta com a cabeça e a palma da mão. Faça três respirações completas de cada lado. Este exercício reforça e relaxa os músculos laterais do pescoço.

Ilustração de Vanessa André para método de canto de Sónia André
Ilustração de Vanessa André exercício de relaxamento 10 para Canto, 2019.

11 – Baixe a cabeça enquanto expira pelo nariz. Com o queixo junto ao peito realize três respirações completas.

Ilustração de Vanessa André para método de canto de Sónia André
Ilustração de Vanessa André exercício de relaxamento 11 para Canto, 2019.

12 – Realize o mesmo movimento do exercício anterior e assim que estiver com o queixo junto ao peito, desenhe meia lua  para um dos lados, ficando com a cabeça como que pousada no ombro. Realize três respirações completas em cada lado.

Ilustração de Vanessa André para método de canto de Sónia André
Ilustração de Vanessa André exercício de relaxamento 12 para Canto, 2019.

 

Exercícios de Respiração para Cantores

Nas aulas de Canto muitas vezes reparo que tenho alunos com dificuldades distintas no que diz respeito à respiração.

Há pessoas que tem facilidade e consciência muscular de como respirar de forma diafragmática, para o abdómen. No entanto tem dificuldade em aplicar uma coluna de ar ao som que estão a produzir.

Outros tem facilidade em usar a expiração para criar som, mas no entanto a sua respiração é mais torácica do que diafragmática, logo aí reside a dificuldade em criar pressão de ar suficiente para suster as notas.

Assim sendo, divido o estudo da respiração em III partes.

Exercícios de Respiração Parte I – Memória Muscular

A I Parte, com exercícios de consciencialização do movimento dos músculos intervenientes. Estes são essenciais para perceber como mudar de uma respiração torácica para uma respiração diafragmática (no abdómen).

Exercício 1 – Movimento do diafragma

» Deitado numa superfície plana. Sinta o suporte dessa superfície em todo o corpo. Relaxe todos os músculos deixando o peso do seu corpo se apoiar plenamente nessa superfície.

» Sopre todo o ar lentamente e assim que sentir que não tem mais ar, inspire imediatamente pelo nariz de forma lenta e relaxada. Sinta o ar a entrar no seu corpo.

» Coloque as mãos, uma abaixo da linha do peito e a outra logo de seguida cobrindo a parede abdominal. A ideia é sentir a respiração debaixo das suas mãos. Ao inspirar vai sentir a expansão desses músculos e ao expirar o movimento inverso e assim adquirir memória muscular.

Dica: Pode colocar um livro (não muito pesado 😉 ) e observar a subida e descida da parede abdominal enquanto vê a sua série favorita.

Exercício 2 – Movimento dos intercostais

» Sentado com os pés bem apoiados no chão (as pernas em forma de L), coloque as mãos abaixo da linha do peito na lateral, por cima da parte superior das suas costelas (para ter perceção do movimento dos intercostais).

» Vamos agora expirar pela boca e durante a expiração, inclinar o tronco para a a frente, num ângulo de  60º.

» Nesta posição, assim que ficarmos sem ar, inspiramos lentamente pelo nariz. Este exercício permite sentir de forma mais ampla o movimento dos intercostais.

» Na mesma posição executamos mais dois ciclos respiratórios, ou seja, expiramos pela boca e inspiramos pelo nariz.

» Da terceira vez na expiração voltamos à posição inicial de um ângulo de 90º na cadeira.

Exercício 3 – Controle da pressão do ar

» De pé sopre com pressão todo o ar como se fosse encher aquela boia de praia 😉 .

» Logo que sentir um vácuo na zona abdominal inspire pelo nariz lentamente até encher completamente os seus pulmões.

» De seguida expire com as consoantes ‘Tsssssss’ como se da própria boia de praia a esvaziar se trata-se.

» Deve criar uma pressão de ar constante até acabar todo o ar e logo de seguida não se esqueça de inspirar pelo nariz.

Dica: Deve cronometrar para perceber quantos segundos consegue expirar com uma pressão de ar constante.

Exercícios de Respiração Parte II – Usar o Ar para produzir som

A II parte consiste na utilização unicamente do ar para cantar, daí me ter referido à respiração no Canto como a ‘Fonte de Energia’.

Exercício 1 – Ativar ‘diafragma’

» Expire todo o ar pela boca, a soprar, até sentir que a sua parede abdominal colou às costas. Logo de seguida inspire pelo nariz de forma lenta e prolongada.

» Solte o ar em pequenos golpes como som ‘Tsss’ ou ‘Chhh’ (como em chave).

» Deve colocar as mãos sobre a parede abdominal para sentir o movimento do diafragma.

Dica: pode utilizar o metrónomo a uma velocidade confortável para soltar o ar a tempo.

Exercício 2 – Aplicar  o ar à fonação

» A preparação para iniciar cada exercício é sempre igual, ou seja, expirar todo o ar pela boca (a soprar) e inspirar logo de seguida pelo nariz.

» Pense no som mais agudo que acha que consegue produzir, sim corra riscos :), e de seguida solte todo o ar com ‘Brrrrrrrrrr’  vibração de lábios.

» Vai descer na escala de forma natural da nota mais aguda para a mais grave que consegue com este som.

» Repita umas 3 a 5 vezes no máximo.

Dica:  Repare que está a produzir uma vogal a par dessa vibração, um (ê) se quiser.

Exercício 3 – Gerir a pressão do ar

» Para este exercício  iremos necessitar de um copo de água meio cheio e uma palhinha.

» Comece por soprar pela palhinha dentro do copo de água. A intenção é manter uma constante produção de bolhas que emergem da água. Inspire sempre que precisar.

» Agora murmure com (‘Mmmm’ ou ‘Hum’) pela palhinha. Mantenha uma suave corrente de ar. O objetivo é conseguir produzir som e bolhas a emergir da água de forma constante sem sair água do copo.

Dica: Se a água salta para fora do copo é sinal que está a usar demasiada quantidade e pressão de ar para produzir som.

Exercícios de Respiração Parte III – Gestão do Ar

A III parte consiste na gestão do ar. Vamos perceber que em diferentes registos da nossa voz, necessitamos de quantidade e pressão de ar distinta para produzir som. Que muitas vezes temos que manter o diafragma suspenso por uns segundos antes de executar uma determinada nota, ou que temos que relaxar imediatamente a musculatura para produzir o som desejado.

Exercício 1 – Pressão do ar distinta

» Vamos colocar uma mão na parede abdominal só para sentir o movimento e na expiração iremos produzir 3 sons distintos: ‘Chhh’ , ‘Tsss’ e ‘Ffff’.

» Soltamos o ar num ritmo constante e com sons curtos, até sentirmos que não conseguimos obter mais movimento da parede abdominal e aí inspiramos novamente.

» Repita três vezes.

Dica: Utilize o metrónomo para manter o ritmo a uma velocidade mais ou menos de 120 BPM para produzir sons de pequena duração. Executa o exercício com uma só expiração.

Exercício 2 – Suspensão

» Chamo a este exercício 4-5-8, porque utilizo contagens para o realizar. Com o metrónomo para poder contar, coloque à velocidade de 80/85 BPM e com 1 tempo.

» Inspire em 4 tempos pelo nariz, aguente o ar lá dentro 5 tempos e expire a soprar com intensidade em 8 tempos.

» Repita três vezes de forma cíclica.

» Assim que tiver mais há vontade com este exercício, faça a expiração com o som ‘Tssssss’.

Exercício 3 – Suspensão ativando intercostais e libertando articuladores

» Com as mesmas contagens do exercício anterior. Inspire em 4 tempos pelo nariz e ao mesmo tempo levante os braços formando com eles uma linha reta com os ombros.  Irá sentir o movimento dos intercostais.

»Aguente o ar lá dentro durante 5 tempos.

» Expire pela boca com um ‘Háááá’ surdo. Ao mesmo tempo que expira deixe cair o queixo para baixo, abrindo a boca e relaxando toda a cavidade oral (boca).

» Mantenha os braços na mesma posição e execute o exercício três vezes de forma cíclica. Na última vez baixe os braços lentamente durante a expiração.

» Volte a executar todo o exercício mas agora, na expiração, solte um ‘Háááá’ audível e relaxado. Execute este também, três vezes de forma cíclica.

Dica: É sempre benéfico fazer alguns exercícios de relaxamento antes de fazer exercícios de respiração. Tenha também atenção à sua postura sempre 😉

‘Apoio’ no Canto – O que é?

O apoio no Canto consiste na gestão eficiente do ar.

“Apoio, portanto, é o controlo elástico e consciente da força retrátil passiva e espontânea do movimento de elevação do diafragma ao promover a expiração, e é conseguido pelo domínio dos seus antagônicos – os músculos abdominais e intercostais – com a finalidade de manter o equilíbrio da coluna de ar e aplicá-la à fonação.”

Helena Wöhl Coelho, 1994 do livro Técnica vocal para coros.

Esta gestão que falava à pouco é realizada pelos músculos intercostais e  diafragma.

No último artigo ‘ Respiração no Canto’ encontras esclarecimento sobre os músculos utilizados na respiração diafragmática-intercostal.

“It is perfectly natural. I breath low down in the diaphragm, not as some do, high up in upper part of the chest. I always hold some breath in reserve for the crescendos, employing only what is absolutely necessary, and I renew the breath wherever it is easiest.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

Tetrazzini faz referência a esta gestão do ar necessária dizendo que reserva algum ar para os crescendos. Cada canção, obra tem as suas exigências respiratórias. Nem todas as canções tem o mesmo ritmo, a mesma dinâmica a mesma métrica. Todas estas situações são desafios quando pensamos na melhor forma de ‘respirar’ em cada canção.

Daí a necessidade de analisar a canção. Primeiramente penso ser benéfico perceber o ritmo da canção, o seu compasso, a sua velocidade. Depois perceber a métrica das palavras relacionada claro com a melodia que lhe está associada, a sua dinâmica (se sobe, se desce e como). O volume também faz parte da equação, no fortíssimo e pianíssimo a quantidade e pressão de ar é diferente.

Estes desafios sempre que temos que interpretar uma nova canção  são reveladores das dificuldades respiratórias que temos no Canto.

Primeiro devemos aprender a técnica respiratória de forma a que haja memória muscular para suportar a voz cantada. Deve-se realizar exercícios respiratórios no início para adquirir a perceção do movimento do diafragma e intercostais (sentir a expansão destes músculos).  Para passarmos da respiração ‘torácica’ para a respiração ‘diafragmática – intercostal.

Na respiração torácica o nosso peito aumenta de volume e elevamos os ombros. Esta respiração não é benéfica para o Canto. Pois aqui, não estamos a usar o potencial do diafragma e dos intercostais para criar pressão de ar necessária à vibração das cordas vocais.

No próximo artigo do blog irei partilhar mais exercícios de respiração para trabalhar áreas específicas da técnica vocal. Subscreva a newsletter para não perder!

Respiração no Canto – Músculos Intervenientes

A respiração é sempre a protagonista quando se fala de Canto e Técnica Vocal. Existe uma razão plausível para isso, é que esta deve ser a única fonte de energia e suporte da voz.

Acho importante perceber onde tudo se passa quando executámos a respiração diafragmática – intercostal. Logo, comecemos pelo diafragma.

O diafragma é um músculo na base do pulmão, parecido com um paraquedas. Quando inspiramos o diafragma é estendido e quando expiramos ele sobe.

Este músculo é extremamente importante pois assim que se eleva em direção aos pulmões conseguimos criar um fluxo de ar contínuo para fazer as cordas vocais vibrarem e produzir som.

O órgão respiratório é um mecanismo de suspensão daí a necessidade de uma boa postura e relaxamento dos músculos intervenientes.

Um dos mais poderosos grupos de músculos do aparelho respiratório para além do diafragma é o Sacrospinal. Consiste num conjunto de músculos ligados desde as costas do crânio à base da coluna.

Quando estes músculos são ativados pelo aumento do volume dos pulmões, todo o torso é suspenso e o arco intercostal alargar-se pelo diafragma.

A expansão no baixo abdómen resulta do movimento do diafragma.

Atado ao diafragma na parte central das costelas encontram-se os músculos intercostais.

A respiração diafragmática-intercostal consiste na ativação de todos estes músculos, o diafragma, sacrospinal e os intercostais.

Esta é a primeira parte de uma série de artigos sobre este tema tão importante para os Cantores, a respiração. No fundo este foi para dar a conhecer os músculos intervenientes na respiração diafragmática – intercostal.

A Fonte de Energia

A expiração é a responsável pela vibração das cordas vocais e daí a responsável pela produção do som.

O ato de respirar envolve vários órgãos e respirar bem está intimamente ligado a uma boa postura.

No Canto aprendemos a controlar a inspiração e expiração pois deve ser a única fonte de energia a ser utilizada para fazer as cordas vocais vibrarem.

A respiração usada no Canto pode ser denominada de várias formas, aqui vamos optar pela denominação respiração Diafragmática- Intercostal.

“Pavarotti emulated what he saw, and for the first time in his career, he began to use diaphragmatic breathing. When he did, he says, everything changed for him. He worried less that his voice would be strong on day and feeble the next. He felt he got a much greater level of consistency from his sound, and performing became much more pleasurable.”

Roger Love do livro Set your voice free

A respiração diafragmática-intercostal consiste na inspiração pelo nariz, enchendo os pulmões desde a sua base, estendendo o diafragma e os músculos intercostais responsáveis pela expansão da caixa torácica (sente-se na parte inferior da caixa torácica).

Respiração no Canto, Sónia André Blog Tudo sobre Canto
The diaphragm functions in breathing illustration

Na expiração todos os músculos intercostais e o diafragma são responsáveis pela criação de pressão de ar que, na sua saída, fará vibrar as cordas vocais.

“A singer must be able to rely on his breath, just as he relies upon the solidity of the ground beneath his feet.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

A respiração que não devemos usar denominamos de Torácica, esta é um produto de uma má postura corporal, das vidas atarefadas, das horas que passamos sentados. Esta respiração envolve o uso de músculos do peito, é responsável por movimentos respiratórios curtos. Ineficiente para o Canto e fala, pois, a ação destes músculos não permite a criação de pressão de ar, essencial à vibração das cordas vocais.