A voz faz as alterações necessárias à execução de cada nota, sendo estas alterações suaves. No entanto, de um registo para o outro existe uma zona em que estas alterações são mais significativas, a isto chamamos áreas de passagem (passaggio).
Estas existem do registo grave para o médio e consequentemente do médio para o agudo. Também encontrámos as mesmas zonas de forma descendente.
Em suma, as áreas de passagem são zonas em que se torna difícil gerir o equilíbrio entre todos os mecanismos da voz.
“The study of the passaggio is necessary one in order to create free-throated singing. Most singers come to me with little understanding of the passaggio and they later actually find the largest resonance factor within the passaggio. Many singers have difficulty sustaining the passaggio range over a long period. A good example of this is the role of Cherubino in Mozart’s Le Nozze di Figaro.” Kristen Flagstad
Jones, David. What is passaggio and why is it important? https://voiceteacher.com/passaggio.
As notas estão todas ao nosso alcance
Podemos suavizar estas áreas de várias formas, primeiro devemos pensar na escala musical como ela se apresenta num piano, na horizontal.
Todo o vocabulário que usámos nos leva a pensar na vertical, por exemplo quando dizemos subir e descer na escala, ou ascendente e descendente.
Este conceito não está errado, simplesmente vamos mudar a imagem que temos das notas e torná-las acessíveis. Na horizontal todas as notas estão ao nosso alcance.
Esta nova imagem mental da escala evita a subida e descida involuntária da laringe, assim como a tensão desnecessária de músculos que não intervém no canto. Evita também a deslocação para cima da cabeça que afeta não só a postura, mas também a respiração, e a performance dos músculos articulatórios.
A quantidade e pressão do ar certas
Outra forma de suavizar as zonas de passagem tem haver com a quantidade, e pressão do ar.
Como já foi referido, cada registo exige alterações nestes dois fatores que são indiretamente proporcionais.
Vamos tomar como exemplo a água, podemos ter muita água e pouca pressão e o inverso. Logo, com o ar passa-se o mesmo, nas notas graves temos muito ar e pouca pressão e as agudas muita pressão e pouca quantidade de ar.
Será fácil perceber este conceito se nos lembrarmos da posição das cordas vocais nos graves, estas estão recuadas e com pouca tensão logo é necessária uma grande quantidade de ar para as fazer vibrar. O inverso se passa com as notas agudas, as cordas vocais aqui estão muito esticadas, logo a mínima quantidade de ar as faz vibrar.
Uma boa gestão do ar (apoio) é essencial para suavizar estas passagens de registo, controlando a saída do ar os músculos da laringe fazem o seu trabalho de uma forma natural.
Através dos vocalizos (exercícios para a voz) podemos treinar estas mudanças, necessárias ao alcance da dinâmica e flexibilidade de todo o aparelho vocal.
“Whether the voice be soprano, mezzo or contralto, each note should be perfect of is kind, and the note of each register should partake sufficiently of the quality of the next register above or below it in order not to make the transition noticeable when the voice ascends or descends the scale. This blending of the registers is obtained by the intelligence of the singer in mixing the different tone qualities of the registers, using as aids the various formations of the lips, mouth and throat and the ever present apoggio without which no perfect scale can be sung.”