“Articulatory synthesis of speech and singing aims for modeling the production process of speech and singing as human-like or natural as possible. The state of the art is described for all modules of articulatory synthesis systems, i.e. vocal tract models, acoustic models, glottis models, noise source models, and control models generating articulator movements and phonatory control information. While a lot of knowledge is available for the production and for the high quality acoustic realization of static spoken and sung sounds it is suggested to improve the quality of control models especially for the generation of articulatory movements.”
» da – ba, da – ba, da – ba, da -ba, da – ba, …dah…….
Palato:
1- Bocejar e dizer lentamente:
«Gong-Gong-Gong-…»
«Nay-nay-nay-nay,…»
2- Alterar vogal oral e nasal: inspire e pronuncie um prolongado
» Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa;
» Ããããããããããããããããããããã;
» Iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii;
» Niiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiing; (como em morning)
» Uuuuuuuuuuuuuuuuuu;
» Uuuuuuuuuuummmmm;
3- Fazer gargarejos com água e a seco.
4- Articular lentamente (60 BPM) aumentando a velocidade progressivamente:
Língua:
1- Colocar a língua para fora e recolhê-la rapidamente.
2- Arquear a língua até tocar com a ponta no palato duro.
3- Bater com a ponta língua na face anterior e posterior dos dentes incisivos superiores e inferiores.
4- Fazer rotações com a língua contornando os lábios com a boca aberta, num sentido e depois no sentido inverso. Fazer o mesmo com a boca fechada, rotações da língua no interior da boca.
5- Firmar o contorno da língua nos molares superiores deixando apenas a ponta da língua solta a dizer:
«La-Le-Li-Lo-Lu-Lo-Li-Le-La»
«Na-Ne-Ni-No-Nu-No-Ni-Ne-Na»
«Ta-Te-Ti-To-Tu-To-Ti-Te-Ta»
«Da-De-Di-Do-Du-Do-Di-De-Da»
6- Articular lentamente aumentando a velocidade de forma progressiva:
7- Imitar sons como o som de uma campainha (Trimmmmm), ou percussões (Prrrrrrrrrr).
Lábios:
1 – Comprimir os lábios de dizer com intenção, alternar velocidade:
«P-P-P-P-…»
«Pa-Pe-Pi-Po-Pu-Po-Pi-Pe-Pa»
2 – Articular lentamente aumentando a velocidade de forma progressiva:
3- Assobiar
Todos estes exercícios irão beneficiar o ótimo funcionamento dos órgãos articuladores na produção de moldes para a voz cantada.
Obs.: As consoantes fricativas utilizam muito ar por isso lembre-se sempre de inspirar sempre que precisa.
Exercício 4 – Repetir exercício 3 mas mais rápido prolongando na mesma as consoantes fricativas.
Exercício 5 – Varie velocidades e frisando as consoantes vozeadas e não vozeadas e prologando as fricativas.
Para falar com claridade necessitamos de utilizar um pouco mais de espaço na boca. Os próximos exercícios servem para criar espaço na articulação das palavras.
Exercício 1 – Coloque uma escova de dentes pousada nos molares inferiores (só de um lado e depois troque de lado) e leia o parágrafo o mais claramente possível.
“Entre todos avultava em robustez e grandeza de membros o Lidador, cujas barbas brancas lhe ondeavam, como frocos de neve, sobre o peitoral da cota de armas, e o terrível Lourenço Viegas, a quem, pelos espantosos golpes da sua espada, chamavam o Espadeiro.”
Herculano, Alexandre. Selecção de Lendas e Narrativas. 2004, MEDIASAT GROUP, S.A. ISBN: 84-9789-747-1
Exercício 2 – Retire a escova e volte a ler o parágrafo agora com a consciência que utiliza mais espaço para pronunciar as palavras e que está a utilizar melhor o movimento da língua e dos lábios.
Todos nós já conhecemos uma pessoa monocórdica, e é sempre uma dificuldade mantermo-nos atentos e acordados. Os próximos exercícios são para trabalhar a gama de sons que utiliza na fala. Todos nós temos um padrão melódico que utilizamos a pronunciar algumas frases. Ao estudarmos diferentes esquemas melódicos para a voz falada conseguimos reter a atenção do ouvinte.
Frases do dia a dia:
“Um café e um copo de água por favor!”
“Desculpa o atraso, perdi o comboio!”
“O meu gato desapareceu há quatro dias!”
Exercício 1 – Diga as frases como normalmente as diria. De seguida repita a frase com os lábios fechados irá produzir um murmúrio (Mmm; mmm; mmm). Esse murmúrio irá seguir o esquema melódico que já estaria a fazer quando leu a frase normalmente, só que agora irá tomar consciência dele.
Exercício 2 – Agora repita as frases com Mmm, mas exagerando nos agudos e graves que já tomou consciência que produz.
Exercício 3 – Agora leia novamente as frases também exagerando um pouco mais os agudos e graves que estava a produzir.
A entoação pode indicar o que uma pessoa está a sentir. Vamos utilizar a frase “Foste às compras…” para utilizar diferentes entoações ou diferentes esquemas melódicos, pois estes irão atribuir diferentes sentidos à mesma frase.
Exercício 1 – Leia as frases abaixo, as alturas e contextos das palavras indicam a sua entoação. Utilize mais agudos sempre que encontrar maiúsculas:
1.1 – Contexto: como esqueci-me de ir;
“Foste às compras? “
1.2 – Contexto: nunca vais sem te pedir ☹ ;
“Foste ÀS Compras!”
1.3 – Contexto: não temos nada em casa;
“FOSTE às COMPRAS?”
“A entoação pode ser definida como a forma de associação dos acentos de palavra numa sequência que é a frase. Poderíamos assim falar de acento de palavra e acento de frase. No entanto, aqui é que se podem colocar as questões fundamentais relativas à entoação: qual a relação do acento de palavra ao acento de frase? Ou será a entoação que determina o acento da palavra na frase? Podemos ainda pôr a questão de saber a que nível se organiza a entoação? Será no nível fonético, fonológico, sintáctico ou semântico? Como se manifesta e se sistematiza a expressividade, através da entoação: expressão irónica, zangada, afectuosa… questões que não obtêm uma resposta única.”
Martins, Maria Raquel Delgado. Ouvir Falar – Introdução à Fonética do Português, Edições Caminho.
Exercício 1 – Leia as seguintes frases enfatizando e levantando o tom da última palavra.
“Foi o que ele FEZ”
“Tudo BEM”
“Tu és meu AMIGO”
Exercício 2 – Repita novamente as frases, mas agora com a mão direita expresse essa elevação de tom com a mão também.
“Entoação – utilização de tipos de tons recorrentes, cada um dos quais com um conjunto relativamente consistente de significados, quer em palavras isoladas, quer em grupos de palavras de dimensões variadas. A organização entoacional destes tipos de tons está directamente relacionada com a proeminência relativa pela qual se encontram estruturados ritmicamente. A entoação pode ainda ser entendida como um traço tonal que se refere à presença de um acento nuclear.”
Associação Portuguesa de Linguística e Instituto de Linguística Teórica e Computacional, Dicionário de Termos Linguísticos, vol. 1, Edições Cosmos
Exercício 3 – Com as mesmas frases vamos descer de tom na última silaba.
“FOI O QUE ELE fez”
“TUDO Bem”
“TU ÉS MEU AMIgo”
Exercício 4 – Repita as frases novamente mas eleva as sílabas do centro da frase:
“foi O QUE ELE fez”
“tudO Bem”
“tu ÉS MEU amigo”
Ter perceção do movimento do palato é essencial para produzir sons nasais como (m); (n) ou em vogais acentuadas como (pão; avião;…). Para produzirmos estes sons não podemos ter o palato na posição fechada. Exercícios para realizar de forma eficaz os sons nasais.
Exercício 1 – Diga um sonante (a) aberto e prolongado. Aqui o palato estará na posição fechada.
Exercício 2 – Agora diga a palavra (pão) de forma prolongada, ou seja, pãaaaaaaaaao. Como esta palavra é nasal, irá tomar consciência da alteração no palato mole e mudança de som.
Exercício 3 – Agora aperte o nariz e faça em alternado o som (aaa) e o som (ãaaaao). Quando utiliza o som nasal irá perceber uma vibração no seu nariz.
Exercícios para evitar falar ‘pelo nariz’ como costumamos dizer de forma comum.
As consoantes (q – que) (g) são realizadas com o palato fechado, logo iremos trabalhar a eliminação dos sons nasais com estas consoantes.
Exercício 1 – Faça o som (q) surdo, faça como se estivesse a sussurrar de forma curta. Sinta como se abafa lá trás na garganta.
» q ; q; q; q; q; …
Exercício 2 – Agora aperte o nariz e repita o exercício. Se não sentir vibração no nariz está a fazer da forma correta, ou seja, o som não consegue viajar para a cavidade nasal porque essa porta está fechada (o palato está a tapar a entrada do som na cavidade nasal.
Exercício 3 – Faça o som (ga) com a vogal fechada, repare que executa o (g) na mesma zona que (q) mas agora irá ter som. Repita várias vezes. Tape o nariz, e não deve sentir vibração.
» ga; ga; ga; ga; ga; …
Exercício 4 – A tapar o nariz leia a frase “Vai dar comida ao gato!” repare que o nariz só vibra com o (m) que é a única consoante nasal da frase.
Vamos agora trabalhar um dos principais órgãos a dominar no Canto e Fala, a língua. Para tal utilizamos uma série de trava línguas, expressão usada para frases difíceis de pronunciar.
“Copo copo geri, copo geri copo, copo cá se não disseres três vezes copo, copo geri copo geri copo, copo cá por este copo não beberás.”
“O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem, o tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto o tempo tem.”
“Três tristes tigres.”
“O rato roeu a rolha da garrafa do rei da Rússia.”
“Se o Faria batesse no Faria, o que faria o faria ao Faria?”
“Se percebeste diz que percebeste, se não percebeste diz que percebeste para que os outros percebam que percebeste, percebeste?”
“Aranha arranha a Rã. A Rã arranha a Aranha. Nem Aranha arranha a Rã nem a Rã arranha a Aranha.”
Recolha por aluna de canto Marta Silva a 06 de julho de 2024.
“Dei com um ninho de mafagavos com cinco mafagafinhos, a mafagafa fugiu morreram os cinco mafagafinhos.”
“As tábuas do meu quarto estão encudrucubilhadas vou chamar o encudrucubilhador para as encudrucubilhar melhor.”
Recolha por aluna de canto Beatriz Madeira com a sua avó Margarida Lopes a 05 de julho de 2024.
“O sabiá não sabia que o sábio sabia que o sabiá não sabia assobiar.”
“Farofa feita com muita farinha fofa faz uma fofoca feia.”
Recolha do aluno de canto Marcelo Pires do Brasil, com o seu pai a 23 de maio de 2024.
Cada frase e palavra tem um padrão rítmico, vamos fazer um exercício que permite dominar melhor esse esquema rítmico e consequentemente melhorar a pronuncia.
Exercício 1 – Diga em voz alta Um, Dois, Três, Quatro.
1.1 – Repita, mas com (e) no meio: Um e Dois e Três e Quatro e;
1.2 – Agora Um, Dois e Três e Quatro e;
1.3 – Enfatizar o UM, dois e TRÊS e quatro e;
1.4 – Exemplo de frase com este esquema rítmico: “TRÊS, tristes TIgres.”
Exercício 2 – Descubra um esquema rítmico que se adapte às outras ‘trava línguas’ apresentados, e comece com tempos lentos e depois acelere.
Referências Bibliográficas para este artigo:
Delgado-Martins, Maria Raquel (1988) Ouvir falar: Introdução à Fonética do Português. Lisboa: Caminho.
Delgado-Martins, Maria Raquel (1973) Análise acústica das vogais tónicas do português. In Delgado Martins (2002) Fonética do Português. Trinta anos de investigação. Lisboa: Editorial Caminho
A voz é um bem precioso porque permite satisfazer uma das principais necessidades do ser humano – a comunicação.
Estes exercícios de articulação irão melhorar a qualidade da produção da voz falada. Tem exercícios para a respiração, volume, afinação, claridade, entoação, para evitar soar nasal e coordenação dos músculos articuladores.
“Ergueu-se, com os punhos cerrados; e veio-lhe uma revolta furiosa, de todo o seu orgulho, contra essa ingenuidade que o trouxera meses tímido, trémulo, ansioso, seguindo à maneira de uma estrela aquela mulher, que qualquer em Paris, com mil francos no bolso, poderia ter sobre um sofá, fácil e nua! Era horrível! E recordava agora, afogueado de vergonha, a emoção religiosa com que entrava na sala de repes vermelho da Rua de S. Francisco: o encanto enternecido com que via aquelas mãos, que ele julgava as mais castas da Terra, puxarem os fios de lã no bordado, num constante trabalho de mão laboriosa e recolhida; a veneração espiritual com que se afastava da orla do seu vestido, igual para ele à túnica de uma Virgem cujas pregas rígidas nem a mais rude bestialidade ousaria desmanchar de leve! Oh! Imbecil, imbecil!… E todo esse tempo ela sorria consigo daquela simpleza de provinciano do Douro! Oh! Tinha vergonha agora das flores apaixonadas que lhe trouxera!
Queiroz, Eça de. 1888. 2004, MEDIASAT GROUP, S.A. ISBN: 84-9789-613-0
Ler em voz alta, é para mim, um dos exercícios mais eficazes para melhorar a sua articulação. Esta prática leva-nos a procurar um ritmo através da pontuação, a treinar a entoação a procurarmos ter um som claro e percetível, trabalhando consequentemente a ressonância natural da voz.
Usar o ar para falar e cantar é essencial. As cordas vocais necessitam desta energia para vibrar, e som viajar para as cavidades de ressonância. Logo estes primeiros exercícios de articulação são mais focados no apoio, na respiração.
Exercício 1– Colocar os dedos sobre a laringe, na parte da frente do seu pescoço (sobre a maça de Adão) e produzir alternadamente sons prolongados – Zzzzzzzz e Ssssssss:
1.1 – Agora para além de uma mão sobre a laringe coloque a outra mão sobre a parede abdominal.
1.2 – Produza alternadamente os sons prolongados – Vvvvvv e Ffffffff.
Este exercício lhe trará a consciência da vibração das cordas vocais com a pressão do ar nas consoantes (z e v) e da inatividade das cordas vocais em sons prolongados como as consoantes (s e f).
Exercício 2 – Faça uma inspiração e depois vai largando ritmicamente o ar com – Zzzz – Zzzz – Zzzz – Zzzz até ficar sem ar. Faça o mesmo para a consoante Fffff – Ffff – Ffff – Ffff.
Exercício 3 – Contar em voz alta os números de 1 a 5 prolongando o ciiiiiiiiiiiiiiinco. De uma só inspiração.
Exercícios para otimizar a utilização do ar quando se fala continuamente.
“E recordava agora, afogueado de vergonha, a emoção religiosa com que entrava na sala de repes vermelho da Rua de S. Francisco: o encanto enternecido com que via aquelas mãos, que ele julgava as mais castas da Terra, puxarem os fios de lã no bordado, num constante trabalho de mão laboriosa e recolhida; a veneração espiritual com que se afastava da orla do seu vestido, igual para ele à túnica de uma Virgem cujas pregas rígidas nem a mais rude bestialidade ousaria desmanchar de leve! Oh! Imbecil, imbecil!…”
Queiroz, Eça de. 1888. 2004, MEDIASAT GROUP, S.A. ISBN: 84-9789-613-0
Exercício 1 – Ler silenciosamente uma passagem de um livro, imaginando o som da sua voz na sua cabeça. Isto irá ter consciência do ritmo da sua voz na leitura. Pode utilizar o excerto aqui colocado dos Maias de Eça de Queiroz.
Exercício 2 – Depois iremos reproduzir a frase que lemos, mas agora com o som (Vvv – Vv – Vvvv) estando atentos aos movimentos da nossa parede abdominal, conforme o ar vai saindo.
Exercício 3 – Vamos agora acrescentar a entoação e a expressividade com que diríamos essa frase, mas na mesma com a consoante (V) fazendo o ritmo do exercício anterior.
Agora leia em voz alta o mesmo paragrafo, verá que as palavras lhe sairão de forma facilitada e bem mais expressiva.
Exercícios para otimizar o volume da sua voz na fala. Como todos sabemos existem pessoas que falam demasiado alto, sabemos disso porque, quando é excessivo, causa desconforto nos outros. Mas as inteligíveis também. Com certeza já falou com pessoas que teve que perguntar várias vezes, o que elas diziam para as entender. Algumas pessoas usam pouco som para produzir as palavras e isso é também um problema da voz.
“Mefistófeles: Pura verdade
Te falo eu. Embora o homem néscio
Geralmente qual todo se imagine:
Sou parte de uma parte que foi todo,
Uma parte das trevas, que geraram
A altiva luz, que ora à madre noite
A primazia antiga e o vasto espaço
A disputar se atreve. Mas debalde;
Por mais que lide, está ligada aos corpos,
Dos corpos irradia, fá-los belos,
Pode um corpo detê-la na carreira,
E antes de muito tempo tenho esp’rança
Que co’os corpos enfim ao nada torne.”
Goethe, J. Wolfgang Von. Tradução: Relógio d’Água, Editores. 2004, MEDIASAT GROUP, S.A. ISBN: 84-9789-753-6
Exercício 1 – Leia o excerto em voz alta. De seguida leia o excerto com as mãos a tapar os ouvidos. Nesta situação tem perceção da amplificação da sua voz nas cavidades de ressonância.
Exercício 2 – Leia em voz alta o excerto com as mãos em forma de concha atrás das suas orelhas. Terá uma maior perceção da sua voz a ser amplificada na sala.
Exercício 3 – Leia em voz alta novamente o excerto reproduzindo um equilíbrio entre o som que ouvia com as mãos em cima e atrás das orelhas. Este é seu volume ideal.
Este exercício requer uma audição bem ativa para tentar perceber bem as diferenças sonoras da sua voz.
Exercícios para aumentar a dinâmica do volume da voz falada. Conseguir falar mais baixo e mais alto, como por exemplo, quando está a fazer uma apresentação necessita de falar mais alto.
Exercício 1 – Estabelecer o volume mais baixo com um suave “Mmm – mmm”. Depois de estabelecer este volume começar a contar até 10 indo do mais baixo ao mais alto que consegue produzir no número 10.
Exercício 2 – Faça o inverso para suavizar o volume. Contagem decrescente a partir de 10.
Vai perceber que quando conta até 10 para aumentar o volume também irá subir a tonalidade da sua voz e descer também, é normal isso acontecer. Exercícios para separar o volume da tonalidade (mais agudo ou mais grave).
Exercício 1 – Diga “Mm – mm – Sim” em concordância, repare no seu volume.
Exercício 2 – Diga novamente agora levantando o volume, mas sem subir o tom (sem dizer de forma mais aguda).
Exercício 3 – Diga ainda mais alto sem levantar o tom. Irá notar que provavelmente irá utilizar mais ar e mais espaço na boca para aumentar o volume.
Exercício 4 – Agora diga “Mmm – Hmmm – Sim “baixinho e depois no volume normal, utilizando o mesmo tom de quando fala baixinho.
Exercício 5 – Repetir ainda mais baixo sem mudar o tom. Irá reparar que para não mudar o tom irá ter que tomar um pouco mais de ar e provavelmente ter menos espaço na boca para realizar o som desta forma.
Exercício 6 – Repetir os exercícios acima, mas agora utilize “Uh – huh”
Exercício 7 – Usar o excerto do Fausto de Goethe para usar estes diferentes tipo de volume que acaba de aprender.
Exercícios para desenvolver ritmo na voz falada. A mudança de ritmo pode ser uma mais valia para si, pois torna muito mais interessante ouvi-lo.
Exercício 1 – Escolha uma passagem. Leia as frases num ritmo calmo (normal para si), dizendo as palavras apenas na sua cabeça.
Exercício 2 – Caminhe muito devagar e coordene as palavras silenciosas com o seu andar.
Exercício 3 – Agora repita as frases que leu, mas alto, nas três velocidades com que andou lento, médio, rápido.
Exercício 5 – Experimente andar e falar muito lento e vá aumentando a velocidade do passo nas frases mais importantes.
Fazer pausas para inspirar e o ouvinte absorver as palavras que diz é um dos melhores exercícios para a fala.
Exercício 1 – Leia um dos excertos aqui colocados, enquanto anda pela casa.
Exercício 2 – Leia alto novamente e quando sentir que consegue fazer uma pausa pare de mover-se e falar. Comece por coordenar as pausas com a pontuação do texto, depois procure por espaços onde pode acrescentar pausas extra.
Exercício 3 – Experimenta respirar de várias formas. Inspire e segure o ar mais tempo para obter a atenção dos ouvintes.
3.1-Inspire de forma calma e silenciosa para acalmar quem ouve.
3.2-Inspire sonoramente para provocar entusiasmo.
3.3-Expire sonoramente para enfatizar algo.
No próximo artigo os exercícios são para aumentar a claridade, melhorar a pronuncia, focar na entoação, aumentar a consciência do movimento do palato nos sons nasais e orais.
Bibliográfia para este artigo:
Delgado-Martins, Maria Raquel (1988) Ouvir falar: Introdução à Fonética do Português. Lisboa: Caminho.
Delgado-Martins, Maria Raquel (1973) Análise acústica das vogais tónicas do português. In Delgado Martins (2002) Fonética do Português. Trinta anos de investigação. Lisboa: Editorial Caminho
A voz é o único instrumento musical que produz palavras. Antes de mais a voz permite-nos comunicar emoções de uma forma que os outros instrumentos musicais não conseguem.
Muitas vezes no canto sobrepomos a qualidade das notas que estamos a dar à claridade das palavras. Tecnicamente temos que nos adaptar a esta nova realidade que é articular as palavras com uma gama de sons bem mais extensa do que a da fala.
“Obviously we want the sound we make to be beautiful and strong, but a song also has a lyrical content that adds greatly to the overall experience. Making beautiful sounds that no one can understand can seriously lessen the impact of the performance.”
Na fala a articulação é muito importante na obtenção de claridade e eficácia do que estamos a comunicar. Mas na fala utilizamos basicamente um só registo da nossa voz (registo de peito), enquanto que a cantar dizemos as mesmas palavras em três registos (voz de peito, voz de média e voz de cabeça). Logo, temos que usar os músculos intervenientes na articulação de outra forma para podermos produzir um som bonito e palavras com claridade.
Algumas dicas no que diz respeito à articulação no Canto:
Dica 1: Com ditongos (conjuntos de duas vogais como au, ei, ai, ou), devemos prolongar a primeira vogal. Por exemplo em na palavra ‘sai’ – deve-se cantar “saaaaa-i”. Outro exemplo “procurei” – canta-se “procureeeee-i”.
Também acontece o mesmo com outras línguas, por exemplo com o inglês, a palavra “night” canta-se “naaaah – et”.
Dica 2: Evite juntar uma vogal extra às palavras como em “de água”, fazer por exemplo “de-i-água”. Numa frase quando estão duas palavras com duas vogais seguidas é comum cometer este erro até na fala.
Dica 3: As consoantes devem ser executadas rapidamente, elas são consequência da agilidade dos músculos articuladores, e em português contém muitas vezes uma vogal associada fechada, como o “ê”. Por exemplo dizemos (pronunciamos) “dê”, “pê”, “cê”, quando nos queremos referir às consoantes “d,p e c”.
Alguns autores defendem que devemos cantar como falamos, interpreto sempre isto no sentido da claridade e facilidade com que falamos. Pois como já referi aqui no canto utilizamos uma gama de sons muito mais vasta do que na fala e os sons são prolongados (suster sons).
No entanto muitos dos defeitos que possuímos na fala em termos de articulação se refletem no Canto, como a falta de apoio (utilizar o ar para produzir som), a ineficácia em colocar e obter um som rico de harmónicos (ressonância).
Muitos dos meus alunos quando começam a praticar vocalizos diariamente para Canto, notam uma diferença considerável também na fala, como, mais claridade e facilidade e menos cansaço após um dia inteiro a comunicar.
Considero que devemos também fazer exercícios para a fala especificamente, muitas vezes a estudar Canto descuidamos esta parte. Devemos pensar que a articulação é uma área que une o canto à fala em muitos pontos e que ao trabalhar a fala também estamos a trabalhar o canto.
“In 2008 the University of Sheffield conducted a study in the UK to identify the formula for “the perfect voice”, based on the combination of tone, speed, frequency, words per minute and intonation. The study found that such a pleasing-to-listen-to voice should utter no more than 164 words per minute and pause for 0.48 seconds between sentences, wich should not be rising in intonation.”
O repertório operático é cantado em várias línguas como alemão, francês e italiano para além do inglês.
Isto exige o estudo das particularidades de cada língua para uma excelente pronunciação das palavras no canto.
“How many singers there are who seem to turn all their attention to the production of beautiful sounds and neglect in most cases the words that often are equally beautiful, or should be!”
Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747
A língua italiana é considerada uma “língua cantável”, porque é rica em vogais e ditongos. Assim conseguimos uma gama extraordinária de cores e tonalidades. Já o francês é considerado difícil pelos seus sons nasais, mas bom para trabalhar a ressonância nasal. Considero o alemão uma língua extremamente difícil de cantar pela quantidade de consoantes presentes numa palavra exigindo muita agilidade dos órgãos articuladores. O inglês possui o som “Th” como em “Thank You” que é extremamente difícil de pronunciar.
Como vemos cantar em outras línguas pode ser excelente para melhorar a sua articulação pois pode ser um estímulo diferente para todos os mecanismos vocais, tendo em conta que não estamos a cantar na língua mãe.
“Nós cantamos apenas vogais” já não sei ao certo de que quem ouvi isto, penso ter sido de um professor. Na altura abriu-se uma porta assim que tomei consciência de que só conseguimos suster as vogais, logo só cantámos vogais.
Podemos considerar que as consoantes no canto são barreiras articulatórias, barreiras à passagem do ar e do som.
As vogais são os sons que conseguimos manter por mais tempo. As consoantes são de execução rápida, não conseguimos prolongar o som da consoante.
Logo, no canto as vogais permitem suster as notas que estamos a dar. No fundo, o som produzido pela vibração das cordas vocais ao chegar à boca transforma-se na vogal que estamos a moldar.
“ Vowels are unabstructed and voiced: the vocal folds are vibrating, but there is nothing in the vocal tract interfering with the exit of the sound. Consonants are partially or fully obstructed, and may be voiced or unvoiced. For exemple, to make the sound “f” the bottom lip is touching the top teeth, allowing the airflow through under higher pressure (partially obstructed) but the vocal folds do not vibrate (unvoiced).”
Um bom exemplo das movimentações que ocorrem na boca quando moldamos uma vogal é a posição da língua, este músculo assume diferentes configurações de acordo com a vogal a moldar. Por exemplo, no (o)a língua posiciona-se nas regiões baixas da boca, no (e) posiciona-se nas regiões médias da boca e no (i) nas regiões altas da boca.
Devemos procurar assumir uma postura natural e relaxada na língua na produção de vogais, ela naturalmente irá com os vocalizos encontrar a posição ótima para cada vogal.
Alguns métodos defendem que esta deve ter a posição idêntica a uma concha ou colher, mas esta posição não deve ser forçada.
Existem alterações na articulação das palavras no canto ao longo da escala, ou seja, quando estamos a cantar a vogal (a) no registo grave não temos o mesmo molde que temos no registo agudo, ou seja, o espaço do (a) nos graves é mais reduzido do que o espaço do (a) nos agudos.
Alguns métodos defendem mesmo posturas (moldes) de articulação específicos para cada vogal como descrito abaixo.
Vogal (a):lábios ovalados, separar as arcadas dentárias, na zona grave, média e aguda aumentando o espaço dos graves para os agudos.
Vogal (e):na zona grave ligeiro sorriso; nos médios separar as arcadas dentárias levemente; nos agudos ovalar os lábios e separar as arcadas dentárias consideravelmente.
Vogal (i): na zona grave simular um sorriso; nos médios o sorriso tem menos expressão; nos agudos os lábios em forma de biquinho.
Vogal (o):nos graves os lábios projetados para a frente em forma de biquinho; nos médios suaviza-se a postura dos graves e as arcadas dentárias separam-se uma da outra levemente, nos agudos lábios ovalados e arcadas dentárias separadas.
Vogal (u): em todos os registos lábios projetados para a frente, a fazer biquinho, aumentando levemente o espaço dos graves para os agudos.
Como podemos observar na descrição da execução das vogais apresentada, nos agudos temos mais espaço na cavidade oral ao moldar as vogais.
“These toungue, lip and jaw positions are really only a guide. In reality, even within he same country there will be variations in vowel placement according to regional and socio-linguistic customs. Language is also a living and changing entity and therefore pronounciation Styles differ between eras.”
Estes moldes apresentados para cada vogal não podem ser rigidamente executados, como já foi referido. Cada pessoa possui características específicas e devemos respeitar a naturalidade do funcionamento dos músculos articulatórios. Podemos treiná-los, mas respeitando o seu funcionamento.
De ter em conta que, no canto lírico, por exemplo em comparação ao canto jazz, a postura da boca muda e isso também interfere com a sonoridade desejada. A maior parte dos métodos de técnica vocal para cantores foi criado para cantores líricos logo, esta análise da postura das vogais deve ser tida em conta com leveza.
Uma forma eficaz de treinar os diferentes moldes para as vogais em cada registo será através de vocalizos, pois ao cantar as notas ao longo da escala teremos de fazer estas adaptações a cada molde de forma a executar os diferentes registos da voz.
Vocalizos ou vocalizes são exercícios vocais, para treinar a voz. Normalmente são praticados com o auxílio do piano, onde se executam linhas melódicas com a voz. A prática dos vocalizos tem como objetivo adquirir a técnica necessária ao canto e desenvolver autoconhecimento do instrumento vocal.
As consoantes também sofrem alterações durante o canto, mas mais em velocidade de execução do que propriamente em espaço, a solução normalmente passa pela rápida execução da consoante de forma a pousar confortavelmente na vogal ou ditongo seguinte.
“Sing on the vowel sound and articulate the consonants quickly and cleanly. While certain styles may call for variations, do it by choice, not by inattention. Communication is the thing, so be as clear as possible.”
A articulação é um conteúdo extenso que em muito pode favorecer o conforto e aperfeiçoamento da técnica vocal, por essa mesma razão os próximos artigos serão sobre este tema.