Defeitos comuns na Voz

Existem alguns ‘defeitos’, problemas que são comuns na voz. Defeitos entre aspas porque resultam da falta de conhecimento e má utilização da voz.

Estes problemas na voz são e foram estudados no sentido de serem ultrapassados e daí nasceu a técnica vocal.

Defeitos comuns problemas comuns na voz blog tudo sobre canto de sónia André
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Voz Branca

A “voz branca”, é considerado um defeito vocal, o que é?

É quando a voz de cabeça sai  sem cor, porque não está devidamente apoiada e o mecanismo vocal não está a funcionar como deveria. É uma voz sem força, sem corpo. Com força não quero dizer volume, mas sim harmónicos.

Esta voz também resulta de uma pressão de ar deficitária e excesso de ar. A pressão do ar e a quantidade não são diretamente proporcionais. Já referi que nas notas graves temos muito ar e pouca pressão e nos agudos pouco ar e muita pressão.

“The (voce bianca) is a head voice without deep support and consequently without colour; hence its appellation. One can learn to avoid it practicing with the mouth closed and by taking care to breathe through the nose, which forces the respiration to descend to the abdomen.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

Voz de Garganta

A voz de garganta resulta de não relaxar suficientemente esta zona. A garganta deve ser um local de passagem para o som. Estando tensa, irá anular uma grande parte do ‘trabalho’ realizado na laringe. Desta tensão resulta, uma articulação deficitária e dificuldade em colocar corretamente o som, ou seja, um som gritado!

“The (throaty) voice come from singing with the throat insufficiently opened, so that the breath does not pass easily through the nose and head cavities and, again, from not attacking the tone deeply enough.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

Voz Nasal

A voz nasal, é outro dos defeitos que se pode encontrar com frequência nos cantores e muito difícil de dominar. Segundo o autor abaixo isto acontece devido à memória do som. Existem línguas mais nasais como o francês, pode ser um hábito, esse tipo de produção de som.

“Once your voice becomes nasal, for whatever reason, it may get stuck in that nasal place. Why? One prominent reason is “sound memory”. Your brain remembers what you sound like every day, and it’s constantly reassessing what the qualities of “you” are. It hears the sounds you make and tries to duplicate them the next time you speak.”

Love, Roger with Frazier, Donna – Set Your Voice Free. LITTLE, BROWN AND COMPANY, sd. Boston New York London. ISBN 0-316-44179-!

Penso que é importante perceber como produzimos os sons nasais e depois comparar com os sons orais. A consciência física do que acontece quando produzimos um e outro som irá permitir-lhe com alguns exercícios criar novos hábitos de produção de som. Na fala e no canto irão existir sempre sons nasais, o importante é só produzir estes sons quando é a sua vez.

“Fortunately, you can use the same sound memory to help lead you out of the problem. Practicing new ways of making sounds not only teaches you how to do and it also tells the brain, repeatedly, this is how I sound. This is the voice I want, and when I get off track, this is the way to get back.”

Love, Roger with Frazier, Donna – Set Your Voice Free. LITTLE, BROWN AND COMPANY, sd. Boston New York London. ISBN 0-316-44179-!

Voz de ‘Cabra’

A voz de ‘cabra‘ pode resultar da tentativa de fazer à força um vibrato. Digamos que o som fica ondulado por movimento dos articuladores e tensão na laringe. Este tipo de voz é alarmante para mim, porque toda a técnica vocal está comprometida.

A solução passa pelo repouso total da voz, aprender as técnicas de respiração para cantores sem som, cultivar muito bem isto para ter um pilar muito forte.

Os exercícios com som devem ser com boca fechada, sentindo a ressonância e relaxando todo o aparato vocal. Isto irá anular a necessidade de criar muito volume, um hábito recorrente nas vozes tremidas.

No entanto, os exercícios de boca fechada para cantores que tem tendência em fechar a garganta podem não ser benéficos.

“The bleat” or goat, a particular fault of French singers, proceeds from the habit of forcing the voice, which, when it is of small volume, cannot stand the consequent fatigue of the larynx. ”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

Voz Rouca /Suja

Um dos autores do livro que referencio muitas vezes, chama a isto “The sound of gravel”, o som da gravilha. Parece que a voz quebra um pouco e fica rouca. Há pessoas que começam a frase com um som limpo e depois aparece esta caraterística.

Este som está ligado à não utilização de ar para fazer as cordas vocais vibrarem. Logo, sem essa energia vital, as cordas vocais e os músculos da laringe fazem todo o trabalho. Isto é bastante agressivo para as cordas vocais, causando infeções e ronquidão crónica.

Este defeito aparece mais na fala e quando a pessoa passa para o canto permanece principalmente no registo de peito e médio. A salvação é aprender a respirar!

“Many people are reluctant to breathe more. We have the sense of urgency about getting words out, making us press on instead of pausing to refuel. But there’s an acceptable middle ground, somewhere between panting and talking till we’re blue in the face and gasping for air.”

Love, Roger with Frazier, Donna – Set Your Voice Free. LITTLE, BROWN AND COMPANY, sd. Boston New York London. ISBN 0-316-44179-!

Voz Sussurrada

Esta voz é recorrente, nos vídeos de instrução de meditação. Percebo que a intensão é acalmar e ter uma voz que convida. Mas quando produzimos uma voz com muito ar, estamos a massacrar as cordas vocais e a laringe, da mesma forma que se estivéssemos a gritar.

Ao produzir este tipo de som está a evitar que as cordas vocais vibrem, se estendam, e consequentemente a impedir que as cartilagens e músculos da laringe façam o seu trabalho.

Recorrer a esta voz como recurso estilístico a cantar pode ser interessante, mas deve conseguir assim que quiser, sair deste som respirado.

“I’d like you to keep in mind that while you may find a breathy voice inviting, the lower or mystic who’s flirting with laryngitis is less than appealing, and laryngitis is definitely on the menu if you don’t find alternatives to this way of speaking. You think breathy is the only way to sound sexy, approachable, gentle, romantic? That’s just not the case. A healthy voice that has command of all the sound possibilities will eventually be more than enough to seduce anyone.”

Love, Roger with Frazier, Donna – Set Your Voice Free. LITTLE, BROWN AND COMPANY, sd. Boston New York London. ISBN 0-316-44179-!

Uma breve estória: uma altura interessei-me por praticar Yoga. Como estava a praticar com vídeos on-line, percebi uma semelhança na voz de todos os professores, uma voz sussurrada. As vozes eram tão sussurradas que tinha dificuldade em perceber as orientações. Como tal procurava outras aulas. Assim que ouvi uma voz com brilho e natural, comprei essas aulas porque entendia as direções enquanto fazia os movimentos, sem esforço para decifrar o que diziam.

Áreas de Passagem | Passaggio

A voz faz as alterações necessárias à execução de cada nota, sendo estas alterações suaves. No entanto, de um registo para o outro existe uma zona em que estas alterações são mais significativas, a isto chamamos áreas de passagem (passaggio).

Passaggio, Blog Tudo Sobre Canto artigo
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Estas existem do registo grave para o médio e consequentemente do médio para o agudo. Também encontrámos as mesmas zonas de forma descendente.

Em suma, as áreas de passagem são zonas em que se torna difícil gerir o equilíbrio entre todos os mecanismos da voz.

“The study of the passaggio is necessary one in order to create free-throated singing. Most singers come to me with little understanding of the passaggio and they later actually find the largest resonance factor within the passaggio. Many singers have difficulty sustaining the passaggio range over a long period. A good example of this is the role of Cherubino in Mozart’s Le Nozze di Figaro.”  Kristen Flagstad

Jones, David. What is passaggio and why is it important? https://voiceteacher.com/passaggio.

As notas estão todas ao nosso alcance

Podemos suavizar estas áreas de várias formas, primeiro devemos pensar na escala musical como ela se apresenta num piano, na horizontal.

Todo o vocabulário que usámos nos leva a pensar na vertical, por exemplo quando dizemos subir e descer na escala, ou ascendente e descendente.

Este conceito não está errado, simplesmente vamos mudar a imagem que temos das notas e torná-las acessíveis. Na horizontal todas as notas estão ao nosso alcance.

Esta nova imagem mental da escala evita a subida e descida involuntária da laringe, assim como a tensão desnecessária de músculos que não intervém no canto. Evita também a deslocação para cima da cabeça que afeta não só a postura, mas também a respiração, e a performance dos músculos articulatórios.

A quantidade e pressão do ar certas

Outra forma de suavizar as zonas de passagem tem haver com a quantidade, e pressão do ar.

Como já foi referido, cada registo exige alterações nestes dois fatores que são indiretamente proporcionais.

Vamos tomar como exemplo a água, podemos ter muita água e pouca pressão e o inverso. Logo, com o ar passa-se o mesmo, nas notas graves temos muito ar e pouca pressão e as agudas muita pressão e pouca quantidade de ar.

Será fácil perceber este conceito se nos lembrarmos da posição das cordas vocais nos graves, estas estão recuadas e com pouca tensão logo é necessária uma grande quantidade de ar para as fazer vibrar. O inverso se passa com as notas agudas, as cordas vocais aqui estão muito esticadas, logo a mínima quantidade de ar as faz vibrar.

Uma boa gestão do ar (apoio) é essencial para suavizar estas passagens de registo, controlando a saída do ar os músculos da laringe fazem o seu trabalho de uma forma natural.

Através dos vocalizos (exercícios para a voz) podemos treinar estas mudanças, necessárias ao alcance da dinâmica e flexibilidade de todo o aparelho vocal.

“Whether the voice be soprano, mezzo or contralto, each note should be perfect of is kind, and the note of each register should partake sufficiently of the quality of the next register above or below it in order not to make the transition noticeable when the voice ascends or descends the scale. This blending of the registers is obtained by the intelligence of the singer in mixing the different tone qualities of the registers, using as aids the various formations of the lips, mouth and throat and the ever present apoggio without which no perfect scale can be sung.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

Registo de Cabeça ou Voz de Cabeça

Este registo tem este nome porque, quando as cordas vocais se encontram na sua posição de maior tensão (mais esticadas para as notas agudas) o som viaja até à cavidade nasal onde se amplifica. Aí sentimos a vibração do som na máscara (cara) e no crânio.

Registo de Cabeça ou Voz de Cabeça artigo de Tudo sobre canto blog
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Este registo é a parte mais aguda da nossa voz, um conjunto de notas com alta frequência que muitas vezes quando iniciamos o Canto nem sequer conhecemos ou temos ideia de como soa na nossa voz.

Para entrar de forma confortável neste registo devemos articular as palavras com muito espaço, dominando o queixo e a língua, por forma a posicionar o palato e permitir que o som viaje para a cavidade nasal e seios paranasais e se enriqueça lá.

Às vezes ficamos surpreendidos com a abertura da boca de alguns cantores. Repare que já no registo médio irá adequar o espaço da boca, e no registo de cabeça aumentar esse espaço precisamente para conseguir colocar corretamente e confortavelmente esta voz.

“(…) be sure that you master chest and middle voice before we spend much more time with head voice.”

Love, Roger with Frazier, Donna – Set Your Voice Free. LITTLE, BROWN AND COMPANY, sd. Boston New York London. ISBN 0-316-44179-!

Muitas vezes confunde-se voz de cabeça com falsete. Acredito que são coisas distintas até porque utilizamos um mecanismo diferente para cada uma destas vozes.

“Most people think that head voice and falsetto are the same thing, and the terms are used almost interchangeably. But these two places in the voice are entirely different. When you’re singing in head voice, you’re still allowing about a third of your vocal cords to vibrate. But falsetto is produced when so much air blows through the cords that the cords completely separate and only the outer periphery or edge of the vocal cords vibrates. Falsetto doesn’t use any normal inner-edge vibration at all.”

Love, Roger with Frazier, Donna – Set Your Voice Free. LITTLE, BROWN AND COMPANY, sd. Boston New York London. ISBN 0-316-44179-!

O registo de cabeça ou voz de cabeça resulta da extensão das cordas vocais e o falsete acontece com a vibração das cordas falsas (extremidade das cordas vocais) como pode perceber na figura 1 (Cordas vocais no falsete. A vibração acontece na extremidade (tracejado verde).

Cordas Falsas, Tudo sobre canto Blog. Imagem pertence G. David Brown do livro Anatomy of Voice
Figura 1. “Vocal folds in falsetto: the vocal folds are taut and vibrate more quickly, producing the more flute-like falsetto sound. Inset: only the inner margin of each vocal foald is in contact as it vibrates.” Fonte: Dimon,Theodore. ANATOMY OF THE VOICE. Illustrated by G. David Brown. p44

Nos últimos artigos escrevi sobre o registo de peito e registo médio. Foi consciente esta ordem. Porque se pensarmos nas cordas vocais como um fecho, este vai fechando até ao registo de cabeça. Isto acontece quando cantamos escalas ascendentes (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, …). O inverso decorre quando cantamos escalas descendentes (dó, si, lá, sol, fá, mi, ré, dó).

Quando cantamos escalas nos exercicios vocais, vamos sempre da nota mais grave à nota mais aguda e depois descemos. Porque assim trabalhamos a flexibilidade das cordas vocais e cada vez somos mais precisos na afinação.

“In “head” voice, the suspensory muscles of the larynx at their highest activity.”

Dimon, Theodore, Jr., author. | Brown, G. David, illustrator. Anatomy of the voice: an illustrated guide for singers, vocal coaches, and speech therapist / Theodore Dimon; illustrated by G. David Brown. Berkeley, California: North Atlantic Books, 2018 | Includes index. ISBN 9781623171971

Considero o falsete uma técnica e não um registo, aciona-se quando pretendemos como recurso estético. O registo é consequência da extensão das cordas vocais.

“Many pop singers – think of the Bee Gees or Prince – have built their sound around falsetto, or used it to express a particular character in a song, (…)”

Love, Roger with Frazier, Donna – Set Your Voice Free. LITTLE, BROWN AND COMPANY, sd. Boston New York London. ISBN 0-316-44179-!

Existem várias diferenças entre falsete e registo de cabeça. Uma delas é não conseguirmos fazer a ligação entre os três registos. Se estamos a utilizar o falsete em vez da voz de cabeça, temos que inibir o mecanismo das cordas falsas para passar a utilizar as cordas verdadeiras. Isto faz com que exista um silêncio na passagem (uma quebra).

“Although referred to as the “false” vocal folds, the ventricular folds do not operate in the same way as “true” vocal folds. The false vocal folds are mostly fatty tissue and mucus glands, with a small slip of muscle at the anterior end (front). They are positioned slightly above the true vocal folds but not touching. (…) In normal phonation the false vocal folds need to be away from the mid-line so that they do not interfere with true vocal fold vibration.”

Fisher, Jeremy, & Kayes, Gillyanne | Matthews, Cerys, foreword | Connor, Steven, introduction. This is a Voice: 99 exercises to train, project and harness the power of your voice. Wellcome Collection, part of the Wellcome Trust, 215 Euston Road, London NW12BE. ISBN 978-1-9998090-2-7

Fiz um vídeo sobre estas diferenças entre o falsete e a voz de cabeça, onde apresento alguns exemplos famosos da utilização do falsete e da voz de cabeça.

Este registo muitas vezes parece inacessível por várias razões. Primeiro por acharmos que é inacessível. Como já referi muitos de nós nunca acedemos a este registo, logo não temos memória de como soa.

Outra questão é anteciparmos o problema, como achamos que é inacessível, começamos logo a construir tensão em músculos que dificultam a execução de qualquer nota. Como os músculos da garganta, pescoço, língua, músculos suspensores da laringe.

“No matter how much you’d love to hit the highest highs instantly, take your time. If you feel any strain at all, no matter where you are in the exercises, stop. If the voices on the tape enter an area that’s beyond you today, stop and listen, then rejoin the exercise when it returns to the part of the range you own today. The notes you claim slowly, and without pressure or pain, are the ones that belong to you. There’s no rush. “

Love, Roger with Frazier, Donna – Set Your Voice Free. LITTLE, BROWN AND COMPANY, sd. Boston New York London. ISBN 0-316-44179-!

Para cantar confortavelmente em qualquer registo devemos estar muito relaxados, principalmente na garganta, pescoço, ombros, por forma a não acionar estes músculos suspensores e a restringir movimento natural das cartilagens que movem as cordas vocais.

“In attacking the note on the breath, particularly in the high notes, it is quite possible that at first the voice will not respond. For a long time merely an emission or breath or perhaps a little squeak on the high note is all that can be hoped for. If, however, this is continued, eventually the head voice will be joined to the breath, and a faint note will find utterance which with practice will developed until it becomes an easy and brilliant tone.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

Também temos tendência a exagerar no volume e montante de ar que utilizamos nestas notas. O som agudo tem mais frequência e traduzimos isso em energia que devemos utilizar para cantar, quando ouvimos esses sons.

“In the high register the head voice, or voice which vibrates in the head cavities, should be used chiefly. The middle register requires palatal resonance, and the first notes of the head register and the last ones of the middle require a judicious blending of both. The middle register can be dragged up to the high notes, but always at the cost first of the beauty of the voice and then of the voice itself, for no organ can stand being used wrongly for a long time.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

O som agudo necessita de mais pressão de ar, mas menos quantidade de ar. Se pensarmos as cordas vocais estão na posição mais esticada logo não é necessário muito ar para as fazer vibrar. Este equilíbrio só se encontra com o domínio da respiração.

Tudo isto se pratica com exercícios vocais. Eles vão permitir perceber quais as alterações que fisicamente sente em cada registo e como soa em cada registo. Principalmente demonstrar-lhe que este registo de cabeça é acessível e faz parte da sua voz.

Registo Médio ou Voz Média/Mista

A voz média como o nome indica é uma mistura da ressonância grave com a aguda, ou seja, as cordas vocais estão em outra posição para produzir esta gama de sons, vamos buscar harmónicos às cavidades de ressonância superiores e inferiores, mas grande parte do som é amplificado na boca.

Registo Médio Voz Mista artigo Tudo sobre canto Blog de Sónia André
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“The middle voice is the bridge between the familiar low voice we speak with (called chest voice) and the voice nestled way above our speaking voice (called head voice). (…) Once you find it, you can sing without tiring your voice, relieve the pressure that builds in your throat and jaw, and as you’ll see, almost miraculously gain smooth access to the entire range of your voice.”

Love, Roger with Frazier, Donna – Set Your Voice Free. LITTLE, BROWN AND COMPANY, sd. Boston New York London. ISBN 0-316-44179-!

Alguns métodos de canto não dão muita enfase a esta voz (registo) pois pensava-se inicialmente neste registo como uma área de passagem. Na música  erudita a ideia é unificar a voz  sem se notar grandes contrastes.

“Mezza voce is just a concentration of the full voice, and it requires, after all, as much breath support. A soft note which is taken with the “head voice” without being supported by breath taken from diaphragm is a helpless sort of thing. It does not carry and is inaudible at any distance, whereas the soft note which does posses the deep breath support is penetrating, concentrated and most expressive.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

Na música ligeira almeja-se o contrário. O mais importante é criar contraste e intensidade logo se usarmos corretamente estes três registos, a voz grave, média e de cabeça, possuímos uma paleta muito mais diversificada para nos expressarmos.

“For speakers, developing middle voice will give access to a new palette of resonances. What does that mean to you? Think about the range of colors you hear in the voice of a great actor, or a memorable speaker like Martin Luther King.”

Love, Roger with Frazier, Donna – Set Your Voice Free. LITTLE, BROWN AND COMPANY, sd. Boston New York London. ISBN 0-316-44179-!

A dificuldade muitas vezes está em colocar esta voz corretamente para conseguir misturar as ressonâncias e obter um som rico. Muitos cantores começam precisamente nesta zona da voz a criar pressão na garganta para controlar o som.

“(…) And it’s fabulous training for another reason: to find it, you must let go of pressure and strain in your voice. Using the middle-voice exercises is a litmus test for speakers. When you are able to find middle and play with it, you can be assured that you are breathing in a way that will keep your voice strong and powerful, and that you have learned to release the gripping muscles that keep your voice trapped, earthbound, or unreliable.”

Love, Roger with Frazier, Donna – Set Your Voice Free. LITTLE, BROWN AND COMPANY, sd. Boston New York London. ISBN 0-316-44179-!

Penso que devemos primeiro perceber como soa este registo na nossa voz e trabalhar a articulação para conseguir moldar as palavras de forma a não perder a ressonância. Este registo é amplificado na sua maioria na boca, e esta está a mover-se. Logo, é necessário criar espaço para o som amplificar-se.

“So remember in a mezzo voce to see that the register is right and to use a double breath strength. I speak of the matter of register here for the benefit of those who must keep this constantly in mind. I myself have been blessed with what is called a naturally placed voice, and never had trouble with the mezza voce. The majority of Italian singers come to it easily.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

Se conseguirmos entrar neste registo ganhamos notas na nossa tessitura pois não antecipamos o registo de cabeça.

“A people sing from low to high, most of them concentrate on the extremes. How low you can go? How high can you fly? They work hard – sometimes for years – to expand their range, looking for ways to push the envelope. But very few of them have come to terms with the fact that a huge part of their voice is missing.”

Love, Roger with Frazier, Donna – Set Your Voice Free. LITTLE, BROWN AND COMPANY, sd. Boston New York London. ISBN 0-316-44179-!

Em suma o registo médio é uma parte essencial da nossa voz, é o meio termo entre o grave e o agudo. Aceder facilmente a este registo como um todo da voz significa para mim, dominar grande parte da técnica vocal.

Mais sobre os Registos no meu canal 😉

Registo de Peito ou Voz de Peito

A palavra registo aparece muitas vezes nos meus artigos sobre canto. Registo é um conjunto de notas com características comuns.

Registo de Peito ou Voz de Peito em Tudo sobre Canto Blog da Cantora e compositora Sónia André
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“A vocal register is a series of tones which are produced by a certain position of the larynx, tongue and palate.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

 

Vibration pattern of the vocal folds. HBL – Past Projects. Disponível em: <https://biorobotics.harvard.edu/pastprojects/heather.html>. Acesso em: 12 dez. 2024.

Como já percebemos, as cordas vocais assumem uma posição e determinada tensão para produzir graves, médios e agudos. A quantidade e  a velocidade do ar são distintas de registo para registo.

“The ordinary registers are the low, the middle, the high voice, or head voice, and sometimes the second high voice, which has been called the flagellant voice.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

Estes registos existem nas vozes masculinas e femininas. Ambas as vozes tem graves, médios e agudos.

“The voice is naturally divided into three registers – the chest, medium and Head.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

Cada registo tem frequências e harmónicos específicos que devem ser amplificados na sua caixa de ressonância e a cavidade oral é responsável pela articulação desses sons, formando moldes específicos para as notas.

“Though the registers exist and the tones in middle, below and above are not produced in the same manner, the voice should be so equalized that the change in registers cannot be heard.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

Este artigo é sobre o Registo de Peito, zona grave da nossa voz. Basicamente porque as alterações são mínimas de nota para nota só o necessário para cantar de meio em meio tom. Daí os exercícios de canto estarem construídos com escalas cromáticas na sua maioria.

O Registo de Peito ou Voz de Peito tem um som profundo e rico. Muitas vezes caracterizamos os sons graves como sons escuros, quentes. Os sons graves amplificam-se nas cavidades de ressonância inferiores. Sente-se a vibração do som na zona superior do peito e mesmo na laringe.

“When you’re in chest voice, the vocal cords are supposed to be vibrating along their full length, like the long, thick strings of a piano. Chest voice – as you would guess – feels like it resonates in the top part of your chest. If you put your hand just below the seam where your neck meets the top of your chest and say, “I can speak in chest,” you should feel a slight vibration in your hand.”

Love, Roger with Frazier, Donna – Set Your Voice Free. LITTLE, BROWN AND COMPANY, sd. Boston New York London. ISBN 0-316-44179-!

Nos graves temos uma grande quantidade de ar exalado e pouca pressão. Expiramos de forma intensa e lenta o que exige grande capacidade respiratória, de relaxamento corporal e controlo para obter bom som. As cordas vocais estão na posição mais relaxada, logo é necessário muito ar para as fazer vibrar.

A sonoridade da voz de peito é a mais próxima da que usamos na fala. Logo usamos a mesma colocação que a fala.

Em termos de articulação também é semelhante à voz falada porque, não é necessário muito espaço na boca para obter um som rico de harmónicos graves. Pelo contrário, o espaço a mais pode até prejudicar essa riqueza de gama de sons e fazer com que coloquemos o som mais acima do que necessário.

Noto também que alguns alunos quando estão a fazer escalas descendentes ou a tentar obter um som mais escuro, mais grave, forçam a laringe para baixo, o que resulta num som pobre de harmónicos (mais abafado) quase um ‘falsete’ grave, para além de que é desconfortável para o cantor/a.

Os próximos dois artigos serão sobre o registo médio ou voz média e registo de cabeça ou voz de cabeça. Com isto não pretendo dividir a voz, mas sim alertar para as diferenças técnicas entre registos para poder usufruir de todo o potencial da sua voz.

Posição da Laringe no Canto

Sou defensora que a laringe deve estar numa posição neutra para cantarmos em qualquer registo, ou seja, não deve subir nem descer.

Posição da Laringe no Canto. Blog Tudo sobre Canto da Cantora e compositora Sónia André
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Primeiro a laringe como já vimos é como um elevador suspenso por músculos. Quando engolimos um alimento ela sobe e a glote evita a entrada dos alimentos. Quando tentamos imitar um som demasiado grave baixamos a laringe e recuamos a cabeça um pouco.

“…the larynx and its intrinsic muscles precisely adjust the vocal folds so that they vibrate efficiently, creating subtle nuances in timbre, focus, and pitch. As a sound-producing mechanism, the larynx is the principal organ of voice. But the larynx is also suspended within a network of throat muscles that act on it from without and therefore is extrinsic musculature.”

Dimon, Theodore, Jr., author. | Brown, G. David, illustrator. Anatomy of the voice: an illustrated guide for singers, vocal coaches, and speech therapist / Theodore Dimon; illustrated by G. David Brown. Berkeley, California: North Atlantic Books, 2018 | Includes index. ISBN 9781623171971

Qualquer um destes movimentos subir ou descer a laringe coloca as cartilagens responsáveis por esticar as cordas vocais numa posição desfavorável ao seu funcionamento.

“Broadly speaking, when the vocal folds are relaxed and short, the pitch of the voice is lower; and when they are stretched and tension-ed, the pitch is higher.”

Fisher, Jeremy, & Kayes, Gillyanne | Matthews, Cerys, foreword | Connor, Steven, introduction. This is a Voice: 99 exercises to train, project and harness the power of your voice. Wellcome Collection, part of the Wellcome Trust, 215 Euston Road, London NW12BE. ISBN 978-1-9998090-2-7

Logo, a laringe deve estar a ‘meio do pescoço’. Coloque dois dedos em cima da maça do Adão e fale um pouco. note que em alguns momentos a maça do Adão parece ficar mais dilatada mais saliente, mas não sobe e desce repentinamente.

“The stabilizing action of the suspensory muscles aids in the production of high tones in specific ways. As we saw in the last chapter, the cricothyroid muscles raises the pitch by stretching the vocal folds. Activity of the cricothyroid, however, is associated with the constricting action of he throat muscles, so that untrained singers tend to tighten the larynx as they ascend in pitch.

Dimon, Theodore, Jr., author. | Brown, G. David, illustrator. Anatomy of the voice: an illustrated guide for singers, vocal coaches, and speech therapist / Theodore Dimon; illustrated by G. David Brown. Berkeley, California: North Atlantic Books, 2018 | Includes index. ISBN 9781623171971

Acção dos musculos suspensores da laringe. Blog Tudo sobre canto
Ação dos músculos suspensores a cantar_p_52 Anatomy of the Voice. Illustrated by G. David Brown

“Trained singers, in contrast, are able to raise the pitch without elevating the larynx or tightening the throat.”

Dimon, Theodore, Jr., author. | Brown, G. David, illustrator. Anatomy of the voice: an illustrated guide for singers, vocal coaches, and speech therapist / Theodore Dimon; illustrated by G. David Brown. Berkeley, California: North Atlantic Books, 2018 | Includes index. ISBN 9781623171971

Esta posição neutra da laringe é possível quando não acionamos os músculos suspensores da laringe. Para evitar isso devemos pensar que as notas da escala estão numa posição horizontal ao cantá-las. Não olhamos para cima quando estamos a subir na escala, nem para baixo quando estamos a descer. Se as notas estiverem na horizontal como se encontram no piano estão todas ao nosso alcance, o que a nível cerebral é ótimo para eliminar tensão desnecessária nos músculos suspensores da laringe e nos músculos da garganta.

“A high larynx is one of the most common problems affecting speakers and singers, but it’s very simple to get the larynx to its proper position with a series of low-larynx exercises. (…) You’ll be happy to know that the larynx is one of the parts of the body that has great sense memory. Once it gets used sitting in its normal position, it stays there, even if you aren’t doing an exercise. And with the larynx in it’s normal, healthy speaking position, you will have effectively turned down the excess brassiness of your voice.”

Love, Roger with Frazier, Donna – Set Your Voice Free. LITTLE, BROWN AND COMPANY, sd. Boston New York London. ISBN 0-316-44179-!

Outro trabalho que deve ser realizado nesse sentido, é fazer vocalizos com muita dinâmica, que abrangem uma oitava em média, e trabalhar muito bem a articulação das vogais nos diferentes registos. Assim, treinamos a mecânica de cantar escalas extensas e saltos (intervalos) mais desafiantes sem alterar muito a posição da laringe.

“Tension adversely affects the vocal cords ability to do their job. Tight throat muscles push and pull your larynx and cause strain. Learn to feel tension and let go of it. Replace the habit of tension with the habit of relaxation.”

Gallinger, Karen – The Zen of Singing: Freeing Your True Voice. 2006.

O movimento da laringe é influenciado pelo movimento da língua, pela tensão na garganta e queixo. Recomendo que leia os últimos artigos que falam no domínio da língua do queixo e sobre o palato.

O movimento do queixo no Canto

Na fala não precisamos de tanto espaço na boca como no Canto. Ao baixar o queixo a garganta fica relaxada e aberta permitindo o som viajar para as cavidades de ressonância. Com este espaço na garganta conseguimos também arquear o palato mole, movimento essencial para o registo médio e de cabeça. No fundo, ao alongar o queixo de forma relaxada iremos obter um grande conforto e facilidade na emissão do som.

Posição do queixo no Canto, artigo do blog da Cantora Sónia André Tudo sobre canto
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“The jaw is attached to the skull right beneath the temples in front of the ears. By placing your two fingers there and dropping the jaw you will find that the space between the skull and jaw grows as the jaw drops.

In singing this space must be as wide as is possible, for that indicates that the jaw is dropped down, giving its aid to the opening at the back of the throat. It will help the beginner sometimes to do simple relaxing exercises, feeling the jaw drop with the fingers. It must drop down, and it is not necessary to open the mouth wide, because the jaw is relaxed to its utmost.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

Para alongar o queixo temos que ter uma boa postura, coluna alinhada e atenção à posição da cabeça, principalmente quando estamos a cantar notas agudas. No registo médio e de cabeça temos tendência a elevar a cabeça, trancando assim o maxilar não permitindo a abertura de queixo necessária à emissão dessas notas e forçando os vários músculos responsáveis por alongar o queixo e permitir espaço na boca e garganta.

Músuclos do queixo. Blog Tudo sobre canto
Músculos do queixo. Figure 5- 9. Muscles of the jaw. p.84 Anatomy of the Voice, Ilustrated by G. David Brown

“Allowing the jaw to open freely is unfamiliar to many voice  users, who habitually tighten and retract the jaw.”

Dimon, Theodore, Jr., author. | Brown, G. David, illustrator. Anatomy of the voice: an illustrated guide for singers, vocal coaches, and speech therapist / Theodore Dimon; illustrated by G. David Brown. Berkeley, California: North Atlantic Books, 2018 | Includes index. ISBN 9781623171971

De notar que às vezes temos o queixo para baixo, no entanto não abrimos muito a boca. Este fator depende da vogal que estamos a suster, como por exemplo no caso do (o), usamos os músculos faciais para moldar. Estes músculos também são os responsáveis pelas nossas expressões faciais.

Músculos da boca e garganta do livro Anatomy of the Voice. Ilustração de G. David Brown
Músculos da Boca e garganta. Figure 4 – 3. Muscles of the mouth and throat. p.61 Anatomy of the Voice, Ilustrated by G. David Brown

“Now, a singer can never allow the facial expression to alter the position of the jaw or mouth. Facial expression for the singer must concern itself chiefly with the eyes and forehead.

The mouth must remain the same, and the jaw must ever be relaxed, where the song is one of deep intensity or a merely scale of laughter.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

 

Osso hioide e músculos do queixo para o canto. Tudo sobre canto blog
Osso hioide e músculos do queixo. Figure 3- 10. Complete hyoid muscles. p.56 Anatomy of the Voice, Ilustrated by G. David Brown

Os músculos do queixo presos ao osso hioide elevam a laringe. Estes também são responsáveis por empurrar os alimentos, quando está a engolir.  Alguns cantores exercem uma força excessiva nestes músculos e consequentemente elevam a laringe.

“These muscles perform two critical functions. First, they depressor open the lower jaw; second, they elevate the hyoid bone and draw the hyoid bone and tongue forward during swallowing. Geniohyoid and mylohoid are false elevators of the larynx; the tendency to overuse these muscles canoften  be detected in popular singers who appear to have a kind of double chin from overworking these muscles.”

Dimon, Theodore, Jr., author. | Brown, G. David, illustrator. Anatomy of the voice: an illustrated guide for singers, vocal coaches, and speech therapist / Theodore Dimon; illustrated by G. David Brown. Berkeley, California: North Atlantic Books, 2018 | Includes index. ISBN 9781623171971

Alguns métodos defendem que subir a laringe facilita a emissão de notas agudas. Eu sou a favor do método de manter a laringe numa posição neutra. 

O papel da Língua no Canto

A língua é composta por várias fibras que permitem move-la e posicioná-la para articular palavras. A posição da língua também irá influenciar o movimento do palato mole e a abertura da garganta essencial para Cantar.

Posição da língua no canto. Blog Tudo sobre canto
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“This complex arrangement of intrinsic fibers  makes it possible to shorten the tongue, to form it into a convex or concave shape (with the tip of the tongue turned upward), to narrow and elongate the tongue, or the flatten and broaden it. In conjunction with the extrinsic  muscles they move and position the tongue, this complex arrangement of fibers also makes it possible to form the sounds of speech.”

Dimon, Theodore, Jr., author. | Brown, G. David, illustrator. Anatomy of the voice: an illustrated guide for singers, vocal coaches, and speech therapist / Theodore Dimon; illustrated by G. David Brown. Berkeley, California: North Atlantic Books, 2018 | Includes index. ISBN 9781623171971

É muito importante ter a garganta relaxada para produzir som, conseguir arquear o palato mole e ter mais espaço na garganta principalmente no registo médio e agudo. Como tal, a língua acompanha o movimento do queixo na busca desse espaço. Por exemplo, quando cantamos um (a) devemos mantar a língua relaxada na base da boca, com a ponta da língua encostada aos dentes inferiores. Isto irá permitir muito espaço na boca e garganta.

“The correct position of the tongue is raised from the back, lying flat in the mouth, the flattened tip beneath the front teeth, with the sides slightly raised so as to form a slight furrow in it.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

“The position of the tongue is crucial for great sound, but it’s also central to swallowing – and the swallowing functions can sometimes influence speech in negative ways.”

Love, Roger with Frazier, Donna – Set Your Voice Free. LITTLE, BROWN AND COMPANY, sd. Boston New York London. ISBN 0-316-44179-!

As outras vogais (e; i; o; u) são moldadas em grande parte pela posição da língua, pois já é necessário um molde diferente da vogal (a) onde a língua se encontra na posição mais relaxada.


Figure 1:
Schematic representation of the position of oral vowels in the oral cavity, in the Brazilian Portuguese VIEGAS, F. et al. Comparison of fundamental frequency and formants frequency measurements in two speech tasks. Revista CEFAC, v. 21, n. 6, p. e12819, 2019.

“As you speak, your tongue is supposed to stay pretty much resting at the bottom part of your mouth, with the tip practically touching the back side of your bottom teeth. It can move slightly away from the teeth, but only slightly.”

Love, Roger with Frazier, Donna – Set Your Voice Free. LITTLE, BROWN AND COMPANY, sd. Boston New York London. ISBN 0-316-44179-!

A língua também possui um papel importante no ato de engolir, a parte de trás da língua empurra o alimento. Este movimento da língua ativa uma série de mecanismos como se dissemos ao cérebro que vamos engolir algo. Se o fizermos durante o canto é terrível o desconforto pois, estamos a apertar a garganta e a reduzir muito o espaço pelo qual o som deve sair. Perdemos completamente o controlo e o apoio do som.

“The extrinsic muscles make it possible to move the tongue as a whole, as in sucking or positioning food in mouth, and play an important role in the action of swallowing”

Dimon, Theodore, Jr., author. | Brown, G. David, illustrator. Anatomy of the voice: an illustrated guide for singers, vocal coaches, and speech therapist / Theodore Dimon; illustrated by G. David Brown. Berkeley, California: North Atlantic Books, 2018 | Includes index. ISBN 9781623171971

Devemos fazer exercícios com as vogais tentando manter o máximo de tempo a ponta da língua encostada aos dentes inferiores da frente.

O que é o Palato?

Podemos dividir o palato em duas secções, o palato duro e o palato mole. O palato duro no fundo é o céu da boca, e é o que nos permite mastigar e ao mesmo tempo respirar pelo nariz.

O palato mole estende-se até à garganta (onde se encontra a úvula) e move-se. Juntamente com a língua por exemplo quando estamos a nadar é capaz de selar a entrada de água e do ar pela boca ou nariz.

Posição da língua no canto. Tudo sobre Canto de Sónia André Blog para cantores com curiosiddade
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Quando estamos a engolir os alimentos o palato mole encontra-se elevado contra a faringe para fechar a cavidade nasal.

Existem vários músculos, para ser mais precisa cinco, responsáveis pelo movimento do palato mole.

“Levator veli palatini is a thick muscle (…) Its function is to move the soft palate upward and backward, closing the velopharyngeal valve or nasal port. When we yawn or deepen the voice, which raises the palate, it is this muscle that comes into play – a crucial one for voice users.”

Dimon, Theodore, Jr., author. | Brown, G. David, illustrator. Anatomy of the voice: an illustrated guide for singers, vocal coaches, and speech therapist / Theodore Dimon; illustrated by G. David Brown. Berkeley, California: North Atlantic Books, 2018 | Includes index. ISBN 9781623171971

Cantar exige que o palato esteja arqueado e levantado. Isso não acontece quando a garganta está tensa a língua está numa posição elevada e o queixo também tem tendência a estar um pouco fechado.

“A great many singers suffer the defect called “throatiness” of the emission that is to say , they attack or start the note in the throat. Sooner or later this attack will ruin the most beautiful voice. As I have said before, the attack of the note most come from the apoggio, or breath prop. But to have the attack pure and perfectly in tune you must have the throat entirely open, for i its useless to try to sing if the throat is not sufficiently open to let the sound pass freely. Throaty tones or pinched tones are tones which are trying to force themselves through a half-closed throat blocked either by insufficient opening of the larynx  or by stopgap of the throat passage, due to the root of the tongue being forced down and back too hard or possibly to a low, soft palate.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

O oposto acontece quando o palato está elevado a língua o osso hioide a laringe estão numa posição baixa o que permite abrir a garganta.  Por exemplo quando estamos no início de um bocejo. Com alguns exercícios é possível induzir o movimento destes músculos que permitem manter o palato mole elevado.

Arquear o palato é crucial para moldar o som cantado, ao arquear o palato conseguimos ligar a cavidade oral à faringe fazendo delas uma cavidade de ressonância unificada.

“The “throaty” voice comes from singing with the throat insufficiently opened, so that the breath does not pass easily  through the nose and head cavities and, again from not attacking the tone deeply enough.

To cure oneself of this throaty quality attack your notes  from the abdomen, the mouth well open, standing in the front of a mirror. The force of the respiration will keep the tongue depressed and the throat  will remain free.”

Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747

Cantar com a garganta é considerado um problema (defeito) no Canto, pois isso demonstra que o apoio (respiração), a pressão do ar é insuficiente ou utilizada de forma ineficiente para o Canto. Assim, esta falta de energia faz-nos construindo tensão nos músculos à volta da laringe e por aí acima fechando a garganta mantendo a língua elevada o palato mole baixo e o queixo trancado. O que resulta daí, é no fundo, um grito e não um som suspenso que é o nós produzimos a cantar.

Posição da Língua com o palato mole no canto. Blog Tudo sobre canto de Sónia André
Posição da língua com a garganta aberta e fechada. Figure 4 – 10. a. Position of the tongue during singing: open throat; b. Raised position of tongue: closed throat. p.69 Anatomy of the Voice, Ilustrated by G. David Brown

“Most people envision singing as something that starts in your throat and comes out of your mouth. That is a very limiting idea and forces your throat to work MUCH too hard. From no won think of singing as a “whole body” event and work to keep the tone out of your throat. I find it helpful to imagine the sound is coming up the back of my spine and neck, and then moving out through my face masque.”

Gallinger, Karen – The Zen of Singing: Freeing Your True Voice. 2006.

No artigo de articulação encontra alguns exercícios relacionados com o palato mole e que lhe permitem abrir a garganta.

O vídeo abaixo contém uma explicação detalhada do que é o ‘Palato’ e, exercícios para perceber como aciona este mecanismo tão importante para os cantores.

 

Exercícios de Articulação para Cantores

Quando estamos a cantar, moldamos o som. Logo, para conseguirmos cantar as notas de forma eficiente iremos necessitar de formar vários moldes com os articuladores (queixo, palato, língua, lábios, …). 

Exercícios de articulação, Tudo sobre Canto blog de Sónia André
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“Articulatory synthesis of speech and singing aims for modeling the production process of speech and singing as human-like or natural as possible. The state of the art is described for all modules of articulatory synthesis systems, i.e. vocal tract models, acoustic models, glottis models, noise source models, and control models generating articulator movements and phonatory control information. While a lot of knowledge is available for the production and for the high quality acoustic realization of static spoken and sung sounds it is suggested to improve the quality of control models especially for the generation of articulatory movements.”

Birkholz, Bern J. Kröger Peter (s.d.). Articulatory Synthesis of Speech and Singing: State of the Art and Suggestions for Future Research.

Maxilares:

 

1- Movimentar a boca lentamente a pronunciar:

» ma, ma, ma, ma, …

» ba, ba, ba, ba, …

 

2- Agora com o metrónomo (colcheia):

» ba – ba, ba – ba, ba – ba, ba – ba, ….bah…………….

» da – da, da – da, da – da, da – da, … dah…………..

» da – ba, da – ba, da – ba, da -ba, da – ba, …dah…….

 

Articulação no Canto parte III blog tudo sobre canto de Sónia André
Stoloff, Bob. Scat! Vocal Improvisation Techniques. Gerard & Sarzin Publishing Co, 1999. 146 Bergen Street Brooklyn, N.Y. 11217. ISBN 0-9628467-5-9 p.26

Palato:

 

1- Bocejar e dizer lentamente:

«Gong-Gong-Gong-…»

«Nay-nay-nay-nay,…»

 

2- Alterar vogal oral e nasal: inspire e pronuncie um prolongado

» Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa;

» Ããããããããããããããããããããã;

» Iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii;

» Niiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiing; (como em morning)

» Uuuuuuuuuuuuuuuuuu;

» Uuuuuuuuuuummmmm;

 

3- Fazer gargarejos com água e a seco.

 

4- Articular lentamente (60 BPM) aumentando a velocidade progressivamente:

articulação exercícios canto e técnica vocal sonia andre blog tudo sobre canto
Stoloff, Bob. Scat! Vocal Improvisation Techniques. Gerard & Sarzin Publishing Co, 1999. 146 Bergen Street Brooklyn, N.Y. 11217. ISBN 0-9628467-5-9 p.26

Língua:

 

1- Colocar a língua para fora e recolhê-la rapidamente.

 

2- Arquear a língua até tocar com a ponta no palato duro.

 

3- Bater com a ponta língua na face anterior e posterior dos dentes incisivos superiores e inferiores.

 

4- Fazer rotações com a língua contornando os lábios com a boca aberta, num sentido e depois no sentido inverso. Fazer o mesmo com a boca fechada, rotações da língua no interior da boca.

 

5- Firmar o contorno da língua nos molares superiores deixando apenas a ponta da língua solta a dizer:

«La-Le-Li-Lo-Lu-Lo-Li-Le-La»

«Na-Ne-Ni-No-Nu-No-Ni-Ne-Na»

«Ta-Te-Ti-To-Tu-To-Ti-Te-Ta»

«Da-De-Di-Do-Du-Do-Di-De-Da»

 

6- Articular lentamente aumentando a velocidade de forma progressiva:

articulação no canto Tudo Sobre Canto Blog da Cantora Sónia André
Stoloff, Bob. Scat! Vocal Improvisation Techniques. Gerard & Sarzin Publishing Co, 1999. 146 Bergen Street Brooklyn, N.Y. 11217. ISBN 0-9628467-5-9 p.26

 

7- Imitar sons como o som de uma campainha (Trimmmmm), ou percussões (Prrrrrrrrrr).

Lábios:

 

1 – Comprimir os lábios de dizer com intenção, alternar velocidade:

«P-P-P-P-…»

«Pa-Pe-Pi-Po-Pu-Po-Pi-Pe-Pa»

 

2 – Articular lentamente aumentando a velocidade de forma progressiva:

Articulação para cantores, blog tudo sobre canto de Sónia André
Stoloff, Bob. Scat! Vocal Improvisation Techniques. Gerard & Sarzin Publishing Co, 1999. 146 Bergen Street Brooklyn, N.Y. 11217. ISBN 0-9628467-5-9 p.26

 

3- Assobiar

 

Todos estes exercícios irão beneficiar o ótimo funcionamento dos órgãos articuladores na produção de moldes para a voz cantada.