O Mezzo-soprano (Mezzo) é a voz média feminina. A sua tessitura vai de Lá3 (A3) a Fá5 (F5).
Tipos de Mezzo – soprano
Koloratur-Mezzosopran | Coloratura Mezzo-soprano
Tessitura G3 – B5 (Sol3 – Si5). Este tipo de voz é encontrado frequentemente nas óperas de Rossini. Estas peças foram escritas inicialmente para altos com agilidade nas notas agudas.
Papéis (exemplos):
❖ Angelina, La Cenerentola – Gioachino Rossini
❖ Isabella, L’italiana in Algeri – Gioachino Rossini
❖ Rosina, Il barbiere di Siviglia – Gioachino Rossini
Tessitura G3 – B5 (Sol3 – Si5). Voz similar ao soprano lírico com região aguda menor e região grave maior.
Papéis (exemplos):
❖ Cherubino, Le nozze di Figaro – Wolfgang Amadeus Mozart
❖ Dorabella, Così fan tutte – Wolfgang Amadeus Mozart
❖ Hänsel, Hänsel und Gretel – Engelbert Humperdinck
❖ Suzuki, Madama Butterfly – Giacomo Puccini
Dramatischer Mezzosopran | Dramatic Mezzo-soprano
Tessitura G3 – B5 (Sol3 – Si5). A diferença entre estes e os sopranos dramáticos é que este tem resistência na voz média e grave, atingindo a voz de cabeça apenas no clímax da música, o que lhes permite cantar papeis de soprano dramático com grande eficácia.
Dentro das vozes femininas temos o Contralto (Alto), voz mais grave feminina. A sua tessitura vai em média de Sol3 (G3) a Mi5 (E5). Voz feminina com um timbre muito escuro, devido à sua raridade esta voz tem poucos papeis na ópera, a maior parte do repertório para este tipo de voz é do período barroco.
Os tipos de contraltos segundo a classificação alemã “Fach” não é muito vasta.
Tipos de Contraltos
Dramatischer Alt | Dramatic Contralto
Tessitura F3 – A5 (Fá3 – Lá5). Estilisticamente é parecido com o mezzo dramático, mas consegue atingir notas mais graves com uma ressonância mais grave e rica. É uma voz muito rara.
Tiefer Alt | Low Contralto
Tessitura E3 – E5 (Mi3 – Mi5). Voz feminina muito grave.
Ainda mais escura que o contralto dramático e ainda mais rara.
Papéis (exemplos):
❖ Gaea, Daphne – Richard Strauss
❖ Geneviève, Pelléas et Mélisande – Claude Debussy
Como já foi referido a maior parte do repertório adequado à voz de contralto é do periodo barroco, assim sendo acrescentei a esta playlist também as peças mais famosas.
❖ Stabat Mater, RV 621 – I. Stabat mater dolorosa – Vivaldi
Tenor é a voz mais comum masculina e a sua tessitura em média vai de Dó3 (C3) a Lá4 (A4). Na classificação Fach (classificação alemã) da ópera.
Tipos de Tenor
Spieltenor | Tenor buffo
Tessitura C3 – B4 (Dó3 – Si4). É possível que este tipo de voz venha a cantar repertório de tenor ligeiro, o fator que irá indicar essa mudança será a beleza da sua voz.
Papéis (exemplos):
❖ Monostatos, Die Zauberflöte – Wolfgang Amadeus Mozart
❖ Pedrillo, Die Entführung aus dem Serail – Wolfgang Amadeus Mozart
Charaktertenor | Character Tenor
Tessitura B2 – C5 (Si2 – Dó5). Espera-se deste tenor boas capacidades de representação.
Lyrischer Tenor | Lyric Tenor
Tessitura C3 – C5 (Dó3 – Dó5).
Papéis (exemplos):
❖ Alfredo, La traviata – Giuseppe Verdi
❖ Almaviva, Il barbiere di Siviglia – Gioachino Rossini
❖ Don Ottavio, Don Giovanni – Wolfgang Amadeus Mozart
Tessitura C3 – C5 (Dó3 – Dó5). Trata-se de um tenor com um registo agudo com brilho suficiente para se destacar numa orquestra.
Papéis (exemplos):
❖ Calaf, Turandot – Giacomo Puccini
❖ Don José, Carmen – Georges Bizet
❖ Radamès, Aida – Giuseppe Verdi
❖ Siegmund, Die Walküre – Richard Wagner
Heldentenor | Heroic Tenor | Dramatic Tenor
Tessitura B2 – C5 (Si2 – Dó5) Descrito como um tenor dramático cheio, com facilidade de um barítono no registo médio e o brilho necessário para se fazer ouvir acima de uma orquestra.
Papéis (exemplos):
❖ Otello, Otello – Giuseppe Verdi
❖ Tristan, Tristan und Isolde – Richard Wagner
❖ Tannhäuser, Tannhäuser – Richard Wagner
❖ Walther von Stolzing, Die Meistersinger – Richard Wagner
Dando continuídade ao útimo artigo hoje escrevo sobre os Barítonos na classificação Fach (alemã).
Barítono, voz média masculina. A sua tessitura em média vai de Sol2(G2) a Sol4 (G4).
Tipos de Barítonos
Bariton | Baryton-Martin | Baritono Leggero
Tessitura C2 – C4 (Dó2 – Dó4). Foi apelidado de barítono Martin, por causa do cantor Jean-Baise Martin que possuía este tipo de voz. É parecido com o tenor dramático heróico sem a extensão grave (notas sol1 e si1), notas que normalmente fazem parte da extenção de barítono.
Tessitura A1 – G#3 – (Lá1 – Sol#3). Descrita como uma voz metálica capaz de cantar frases líricas e dramáticas, tem uma qualidade mais severa e pronunciada que o barítono lírico.
Papéis (Exemplos):
❖ Don Giovanni, Don Giovanni – Wolfgang Amadeus Mozart
❖ Sharpless, Madama Butterfly – Giacomo Puccini
❖ Valentin, Faust – Charles Gounod
Charakterbariton | Baritono Verdiano | Verdi Baritone
Tessitura A1 – G#3 (Lá1 – Sol#3). Esta voz é muito eficaz no seu registo agudo, o barítono de Verdi possui a capacidade de cantar com facilidade na sua região mais aguda (registo de cabeça), muitas vezes canta uma peça inteira nesta região.
Tessitura G1 – F#3 (Sol1 – F#3). Baritono heróico é a tradução da palavra alemã para a classificação deste barítono “Heldenbariton”. Este barítono na ópera alemã ocupa normalmente os papeis relacionados com uma personagem emocionante, autoritária, poderosa e madura.
Papéis (Exemplos):
❖ Telramund, Lohengrin – Richard Wagner
❖ Ezio, Attila – Giuseppe Verdi
❖ Michele, Il tabarro – Giacomo Puccini
Lyrischer Bassbariton | Low lyric baritone
Tessitura G1 – F#3 (Sol1 – F#3). Este barítono normalmente ocupa um papel muito específico e menos exigente que os anteriores, tem um timbre mais escuro e é comum ocupar o papel de baixo.
Dramatischer Bassbariton / Low Dramatic Baritone
Tessitura G1 – F#3 (Sol1 – F#3).
Ainda mais escuro em termos de timbre que o anterior.
Dentro de cada voz temos outras classificações que servem para dividir mais uma vez vozes com características distintas no mesmo naipe.
Esta necessidade de classificar as vozes dentro do seu naipe surgiu por volta do século XIX de forma a atribuir o repertório mais adequado a cada tipo de voz.
A escola alemã tem uma classificação das vozes mais rígida chamada “Fach”, esta classificação tem em conta o timbre a tessitura, as capacidades de cada tipo de voz e os papeis mais adequados para cada tipo de voz.
Tipos de Baixo
Basso Cantante | Lyric Bass-bariton | High Lyric Bass
Tessitura E1 – F3 (Mi1 -Fá3). Descrito como baixo cantante.
Hoher Bass | Dramatic bass-baritone | High dramatic bass
Tessitura E1 – F3 (Mi1 – Fá3).
Jugendlicher Bass | Young Bass
Tessitura E1 – F3 (Mi1 – Fá3). Caracterizada como uma voz jovem, independentemente da idade do cantor.
Spielbass | Bassbuffo | Lyric buffo
Tessitura E1 – F3 (Mi1- F3).
Papéis (exemplos):
❖ Don Alfonso, Così fan tutte – Wolfgang Amadeus Mozart
❖ The Sacristan Tosca – Giacomo Puccini
Schwerer Spielbass | Dramatic buffo
Tessitura C1 – F3 (Dó1 – Fá3).
Papéis (exemplos):
❖ Baron Ochs auf Lerchenau, Der Rosenkavalier – Richard Strauss
❖ Daland, Der fliegende Holländer – Richard Wagner
Tessitura C1 – F3 (Dó1 – Fá3). O baixo profundo é o tipo de voz mais grave que existe.
Segundo J. B. Steane no livro Voices, Singers and Critics (Steane, J. B. 1992) :
“… derives from a method of tone-production that eliminates the more Italian quick vibrato. In its place is a kind of tonal solidity, a wall-like front, which may nevertheless prove susceptible to the other kind of vibrato, the slow beat or dreaded wobble.”
Papéis (exemplos):
❖ Don Bartolo, Le nozze di Figaro – Wolfgang Amadeus Mozart
❖ Padre Guardiano, La forza del destino – Giuseppe Verdi
❖ Sir Morosus, Die schweigsame Frau – Richard Strauss
Dramatischer seriöser Bass | Dramatic Low Bass
Tessitura C1 – F3 (Dó1 – Fá3). Este tipo de baixo ainda tem um timbre mais escuro que o anterior, descrito pela escola alemã como um baixo profundo muito poderoso.
Independentemente de do timbre de cada pessoa ser algo único podemos classificar as vozes e agrupa-las (motes) tendo em conta a quantidade de notas que se consegue cantar (tessitura) e outras características como a ressonância (acústica), a agilidade, a flexibilidade.
A tessitura é a quantidade de notas que um cantor consegue cantar, medida em oitavas. Conjuntos de oito notas, por exemplo, Dó1, Ré1, Mi1, Fá1, Sol1, Lá1, Si1, Dó2 – 8va Dó1 a Dó2.
A tessitura pode ser aumentada com os vocalizos, exercícios vocais.
No entanto, não podemos mudar uma voz de classificação até porque é algo que também tem haver com a espessura e tamanho das membranas vocais e outras características anatómicas. O instrumento vocal é um conjunto de orgãos.
As tessituras apresentadas para cada voz abaixo não são medidas exatas, é só uma orientação, até porque, uma voz treinada consegue atingir facilmente duas oitavas e meia em média.
Primeiramente dividimos as vozes como masculinas e femininas.
Vozes Masculinas
Baixo
Dentro das vozes masculinas temos os Baixos, voz mais grave masculina. A tessitura de um baixo vai de Mi2 (E2) a Mi4 (E4) que apresentamos no piano abaixo.
Alguns exemplos de Baixos Isaac Hayes, Leonard Cohen, Louis Armstrong, Nic Val.
Exemplos de Baixos na música clássica Nicolai Ghiaurov, Cesare Siepi, Boris Christoff, Kurt Moll, Ezio Pinza, Martti Olavi Talvela, Paul Plishka, René Pape, Leonid Kharitonov.
Barítono
Barítono, voz média masculina. A sua tessitura vai de Sol2(G2) a Sol4 (G4).
Alguns exemplos de Barítonos Frank Sinatra, Elvis Presley, James Brown, David Bowie, Nat King Cole, Jim Morrison, Serj Tankian, David Lee Roth, Lou Reed.
Dentro da música clássica Simon Keenlyside, Gerald Finley, Matthias Goerne, Christian Gerhaher, Dmitri Hvorostovsky, Bryn Terfel, Andrei Kymach.
Tenor
Tenor, voz aguda masculina. A sua tessitura vai de Dó3 (C3) a Lá4 (A4).
Voz masculina mais comum, alguns exemplos deste tipo de voz, Stevie Wonder, Thome York, Robert Plant, Freddie Mercury, Bruno Mars, Matt Bellamy.
Dentro da música clássica alguns exemplos de tenor Luciano Pavaroti, Sergey Lemeshev, Wolfgang Windgassen, Alfredo Kraus, Anthony Rolfe Johnson, John McCormack, Franco Corelli, Peter Schreier, Juan Diego Flórez, Carlo Bergonzi, Tito Schipa, Peter Pears, Nicolai Gedda, Jon Vickers, Enrico Caruso, Plácido Domingo, Jonas Kaufmann.
Contratenor
Ainda dentro das vozes masculinas existe um tipo muito raro intitulado Contratenor, voz masculina extremamente aguda, comparada a uma voz feminina. Tessitura pode ir de E3 – E5 (Mi3 – Mi5).
Este tipo de voz era comum em coros mistos e masculinos que interpretavam música renascentista e barroca. Na liturgia católica não existia canto congregacional e os coros eram masculinos, assim tínhamos crianças a cantar as linhas mais agudas, depois vieram os Castrati.
Personagens da ópera francesa temos como exemplo Lully, Campra, Ramaeau. Grande parte das óperas italianas destes períodos tem personagens com este tipo de voz.
Alguns exemplos de cantores com este tipo de voz na atualidade Andreas Scholl, David Daniels, Philippe Jaroussky.
Vozes Femininas
Contralto
Dentro das vozes femininas temos o Contralto (Alto), voz mais grave feminina. A sua tessitura vai de Sol3 (G3) a Mi5 (E5).
Voz feminina com um timbre muito escuro, devido à sua raridade esta voz tem poucos papeis na ópera, a maior parte do repertório para este tipo de voz é do período barroco.
Exemplo de cantora com este tipo de voz Billie Holiday, Annie Lennox, Stevie Nicks, Lauryn Hill, Lisa Gerrard, Judy Garland, Cher, PJ Harvey, Diana Krall e Sónia André 🙂
Dentro da música clássica alguns exemplos deste tipo de voz Kathleen Ferrier, Marian Anderson, Claudia Huckle, Ewa Podles.
Mezzo-Soprano
O Mezzo-soprano (Mezzo) é a voz média feminina. A sua tessitura vai de Lá3 (A3) a Fá5 (F5).
Alguns exemplos de Mezzo-soprano Ella Fitzgerald, Janis Joplin, Rihana, Barbra Streisand, Tori Amos, Mary J. Blige, Angela Gossow, Simone Simons, Adele.
Exemplos na música clássica Cecilia Bartoli, Jamie Barton, Marilyn Horne, Fedora Barbieri, Fiorenza Cossotto, Dolora Zajick, Giulietta Simionato, Tatyana Troyanos, Olga Borodina, Luciana D’Intino, Elena Obraztsova.
Soprano
O Soprano é a voz mais aguda feminina. A sua tessitura vai de Dó4 (C4) a Lá5 (A5).
Trata-se da voz mais comum feminina, alguns exemplos deste tipo de voz Yma Sumac, Diana Ross, Dolly Parton, Cyndi Lauper, Mariah Carey, BJörk, Julie Andrews, Cristina Aguilera, Aurora, Eva Cassidy, Lara Fabian.
Exemplos na música clássica Jessye Norman, Anna Netrebko, Diana Damrau, Maria Callas.
O Dó central é o C3 ou C4? Confusão 🙂
Muitas publicações e em teoria musical o dó central normalmente é apresentado como dó3 (figura abaixo).
No entanto, muitas publicações atuais descrevem o dó central como dó4 (figura baixo), porque se encontra na quarta oitava.
Tendo este fator em conta as tessituras são as mesmas o que muda é a nomeação do dó central.
Para a apresentação das tessituras de cada voz, neste método foi utilizado o Dó4 (C4) como Dó central.
O Timbre é em música um som com características específicas resultantes do instrumento que o produz e do seu ambiente. Assim podemos ter duas guitarras na mesma sala (ambiente) e estas podem estar a produzir a mesma nota, mas no entanto, o seu timbre é distinto pois possuem, por exemplo, madeiras, forma e tipo de cordas diferentes.
Na Voz isso ainda é mais evidente! O timbre na voz é como uma impressão digital. Todos temos uma voz única, não existe mais nenhuma igual à nossa.
No entanto, é possível classificar vozes com características idênticas apesar dos seus timbres serem diferentes e daí os nomes que já ouviu com certeza falar, Soprano, Tenor, …
Agora onde entra o termo Registo. Aliás faz sentido falar de registos no plural.
Os registos são conjuntos de notas com características comuns. As cordas vocais assumem uma posição e uma determinada tensão para produzir graves, médios e agudos.
A partir desta constatação percebemos que iremos ter três registos. O registo de peito ou voz de peito (graves), registo médio (médios) e registo de cabeça ou voz de cabeça (agudos).
Cada registo obriga a uma quantidade e pressão de ar distinta. Também, cada registo possui harmónicos específicos que devem ser amplificados na sua caixa de ressonância.
A cavidade oral é responsável pela articulação desses sons, formando moldes específicos para as notas.
Em suma, podemos encontrar estes três registos em todas as vozes. O que acontece frequentemente é que ainda não possuímos as ferramentas para os aceder com facilidade.
“There is only one way to sing correctly, and that is to sing naturally, easily, comfortably.”
Caruso, Enrico – Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing. Printed in France by Amazon. Brétigny-sur-Orge, FR. ISBN9781511730747
Quando inspiramos o ar passa pelas cordas vocais e estas encontram-se na posição aberta. Assim que ouvimos uma nota, os músculos e cartilagens da laringe estendem as cordas vocais na pressão certa para que, a coluna de ar criada pelo aparelho respiratório ao passar pelas cordas vocais, as faça vibrar, produzindo a nota musical que ouvimos anteriormente.
“I’m a stronger believer in the idea that the more you understand about what’s happening in your body as you speak and sing, the better you’ll sound.”
O aparelho vocal é constituído por inúmeros órgãos e grupos de músculos e nervos. Trata-se de um conjunto de mecanismos flexíveis que operam em harmonia.
A Laringe é um tubo cartilaginoso de forma irregular, que liga a faringe à traqueia e onde se situam as cordas vocais, esta tem a função de evitar a entrada de alimentos na via respiratória e a produção de som.
É importante no Canto percebermos onde se situam as cordas vocais e que a laringe se move pela ação de vários músculos. É um mecanismo flexível e tem que o ser, porque utilizamos os mesmos órgãos para várias funções.
Um bom exemplo disso é quando estamos a comer, muitos destes mecanismos que usamos para cantar assumem diferentes funções. Claro que isto tudo se aciona através do nosso cérebro e que não temos que pensar nisso.
A Cantar muitas vezes fazemos uma tensão na garganta e usamos a parte de trás da língua isto aciona partes do aparato vocal desnecessárias. Também ocorre com frequência a subida ou descida da laringe (visível através da maça de Adão, proeminência laríngea), este desequilíbrio faz com que as cartilagens responsáveis por estender as cordas vocais não se encontrem numa posição favorável para o fazer.
“The brain is the overall regulator of these systems: activating muscles, providing information via nerve pathways, and using both sensory and auditory feedback to control and monitor the functioning of the tree systems. Except in rare cases, all humans are capable of making both spoken and sung sounds.”
Muitas vezes não entendemos o porquê de se fazer tantos exercícios vocais para se dominar a voz. Digamos que se percebermos que estes músculos funcionam sem o comando consciente direto, ou seja, os órgãos internos simplesmente funcionam, como iremos desativar as ações que não interessam à produção do som!?
Assim sendo, devemos primeiro perceber como o som é produzido e porque certos músculos se acionam. De seguida estimulamos o funcionamento ideal desses mecanismos para Cantar através de exercícios vocais.
Podemos perceber a influência das emoções no aparelho vocal quando, por exemplo, a nossa voz fica mais grave ou mais aguda se estamos irritados. A mudança de volume e intensidade também é um reflexo das nossas emoções.
As emoções também influenciam a respiração e motivam a contração dos músculos da garganta, dos músculos do pescoço e a posição dos órgãos de articulação.
No fundo todos os movimentos se harmonizam para expressar uma determinada emoção.
” Excess psychological emotional stress can play a rule in tension, and singers may need to deal with there stress, finding the source and then reducing its level through meditation, relaxation, massage, prayer, counseling, medical treatment, etc., before seeing alleviation of there muscular tension and improvement in there singing.”
Vou começar por enomerar alguns músculos que tem envolvimento no Canto mas que nem sempre pensamos neles. Músculos que utilizamos também para outras funções.
» Os músculos do pescoço que nos permitem mover a cabeça.
» A parte de trás da língua contrai para cima contra o palato mole iniciando o ato de engolir.
» As cordas vocais estão na posição fechada e a epiglote baixa quando engolimos um alimento. Quando inspiramos a epiglote sobe e as cordas vocais abrem para deixar passar o ar para os pulmões.
» Os músculos do mecanismo de suporte de som, aparelho respiratório, sustemtam o ato de respirar.
» Os articuladores, orgão envolvidos na articulação de palavras, também estão envolvidos no ato de engolir e mastigar.
Estas afirmações e conclusões servem-nos para perceber que muitos dos orgão envolvidos na produção de som também são utilizados para outras funções. Assim esses movimentos estão registados na nossa memória e muitas vezes desencadeamos um processo sem ter bem consciência disso.
Mesmo depois de aprender a postura correta para cantar muitas vezes continuamos a ter tensão em alguns músculos da garganta, pescoço e ombros. A solução passa por tomarmos consciência que não necessitamos de ativar alguns músculos que usamos de forma inconsciente. Por exemplo, muitas vezes quando sentimos falta de ar no Canto ‘contorcemos’ um pouco, fazemos tensão nas costas, ombros, abdómen por forma a ir buscar um pouco de ar.
O relaxamento corporal durante a produção de som é essencial para cantar no topo das suas capacidades. Para isso devemos já ter adquirido uma excelente postura e capacidade de respirar de forma diafragmática. Agora aos exercícios para melhorar a postura e de respiração vamos aliar exercícios de relaxamento.
Algumas considerações iniciais dos exercícios de relaxamento:
» Ter em atenção a postura correta de pé e sentado já referida no artigo Postura no Canto.
» Nos exercícios aplicar uma respiração diafrágmatica – intercostal.
» Sempre que inspira, faça-o pelo nariz lentamente e na expiração sopre (realizar a expiração pela boca) sempre de forma lenta e intensa até termonar.
» O ato de inspirar ou expirar, nestes exercícios, está sempre aliado a um movimento. Deve estar bem consciente dos movimentos e respirações quando executa os exercícios.
Exercícios de Relaxamento
1 – Posição de pé, eleve os braços em direcção ao teto enquanto inspira lentamente. Nesta posição, suspender a respiração por uns segundos, direccionando o olhar para o teto sentindo a extensão de todos os músculos. De seguida vire as palmas das mãos para fora, olhe em frente e expire lentamente soprando baixando os braços em simultâneo. Repita 3 vezes.
2-Posição de pé, imagine que tem uma bola nas mãos, inspire pelo nariz lentamente. De seguida expire pela boca e inicie o movimento para pousar a bola no chão, fletindo os joelhos um pouco. Nesta posição dobrado inspire pelo nariz e depois ao expirar começe a elevar-se sentindo os elos da coluna a alinharem-se conforme volta à posição inicial.
3- Posição de pé, inspire pelo nariz lentamente. Ao expirar desça até ao chão, flita um pouco os joelhos se necessitar, até tocar com as pontas dos dedos no chão. Nesta posição deve estar a olhar para as suas pernas para que o pescoço fique relaxado.
A partir deste centro ‘caminhe’ com as suas mão para a sua direita e execute três respirações completas nesta posição. Depois desloque-se da mesma forma para a esquerda e execute mais três respirações.
Já no centro na expiração volte à posição inicial.
4 – Inspirar lentamente e levantar os ombros em direção às orelhas, suster a respiração por uns segundos e ao expirar baixar lentamente os ombros rodando ligeiramente para trás de forma a sentir as omoplatas a fazer um movimento ‘circular’. Repita três vezes.
5 – Junte as mãos atrás das costas como na ilustração abaixo, faça três ciclos completos de respiração e troque de lado.
6 – Rodar os ombros para a frente e para trás respirando calmamente.
7- Ao inspirar levante os braços para cima em direcção ao teto. Ao expirar junte as mãos pressionando as palmas uma contra a outra trazendo-as para o centro do peito. Repita o exercício três vezes.
8 – Junte as palmas das mãos em forma de oração atrás das costas no meio das omoplatas e faça três ciclos de respiração, Se não conseguir juntar as mãos desta forma, e só conseguir tocar ligeiramente as mãos, concentre-se em manter a coluna reta e faça o exercício na mesma, sem forçar.
9 – Sentado coloque uma mão na testa e faça força na cabeça contra a palma da mão e força na palma da mão contra a cabeça, forças opostas. A coluna deve estar reta. Faça três ciclos completos de respiração nesta posição. Irá sentir relaxamento quando terminar na parte de trás do pescoço.
10 – Este exercício é similar ao anterior, a única diferença é que vai colocar a mão direita na parte lateral direita da cabeça exercendo força oposta com a cabeça e a palma da mão. Faça três respirações completas de cada lado. Este exercício reforça e relaxa os músculos laterais do pescoço.
11 – Baixe a cabeça enquanto expira pelo nariz. Com o queixo junto ao peito realize três respirações completas.
12 – Realize o mesmo movimento do exercício anterior e assim que estiver com o queixo junto ao peito, desenhe meia lua para um dos lados, ficando com a cabeça como que pousada no ombro. Realize três respirações completas em cada lado.
Nas aulas de Canto muitas vezes reparo que tenho alunos com dificuldades distintas no que diz respeito à respiração.
Há pessoas que tem facilidade e consciência muscular de como respirar de forma diafragmática, para o abdómen. No entanto tem dificuldade em aplicar uma coluna de ar ao som que estão a produzir.
Outros tem facilidade em usar a expiração para criar som, mas no entanto a sua respiração é mais torácica do que diafragmática, logo aí reside a dificuldade em criar pressão de ar suficiente para suster as notas.
Assim sendo, divido o estudo da respiração em III partes.
Exercícios de Respiração Parte I – Memória Muscular
A I Parte, com exercícios de consciencialização do movimento dos músculos intervenientes. Estes são essenciais para perceber como mudar de uma respiração torácica para uma respiração diafragmática (no abdómen).
Exercício 1 – Movimento do diafragma
» Deitado numa superfície plana. Sinta o suporte dessa superfície em todo o corpo. Relaxe todos os músculos deixando o peso do seu corpo se apoiar plenamente nessa superfície.
» Sopre todo o ar lentamente e assim que sentir que não tem mais ar, inspire imediatamente pelo nariz de forma lenta e relaxada. Sinta o ar a entrar no seu corpo.
» Coloque as mãos, uma abaixo da linha do peito e a outra logo de seguida cobrindo a parede abdominal. A ideia é sentir a respiração debaixo das suas mãos. Ao inspirar vai sentir a expansão desses músculos e ao expirar o movimento inverso e assim adquirir memória muscular.
Dica: Pode colocar um livro (não muito pesado 😉 ) e observar a subida e descida da parede abdominal enquanto vê a sua série favorita.
Exercício 2 – Movimento dos intercostais
» Sentado com os pés bem apoiados no chão (as pernas em forma de L), coloque as mãos abaixo da linha do peito na lateral, por cima da parte superior das suas costelas (para ter perceção do movimento dos intercostais).
» Vamos agora expirar pela boca e durante a expiração, inclinar o tronco para a a frente, num ângulo de 60º.
» Nesta posição, assim que ficarmos sem ar, inspiramos lentamente pelo nariz. Este exercício permite sentir de forma mais ampla o movimento dos intercostais.
» Na mesma posição executamos mais dois ciclos respiratórios, ou seja, expiramos pela boca e inspiramos pelo nariz.
» Da terceira vez na expiração voltamos à posição inicial de um ângulo de 90º na cadeira.
Exercício 3 – Controle da pressão do ar
» De pé sopre com pressão todo o ar como se fosse encher aquela boia de praia 😉 .
» Logo que sentir um vácuo na zona abdominal inspire pelo nariz lentamente até encher completamente os seus pulmões.
» De seguida expire com as consoantes ‘Tsssssss’ como se da própria boia de praia a esvaziar se trata-se.
» Deve criar uma pressão de ar constante até acabar todo o ar e logo de seguida não se esqueça de inspirar pelo nariz.
Dica: Deve cronometrar para perceber quantos segundos consegue expirar com uma pressão de ar constante.
Exercícios de Respiração Parte II – Usar o Ar para produzir som
A II parte consiste na utilização unicamente do ar para cantar, daí me ter referido à respiração no Canto como a ‘Fonte de Energia’.
Exercício 1 – Ativar ‘diafragma’
» Expire todo o ar pela boca, a soprar, até sentir que a sua parede abdominal colou às costas. Logo de seguida inspire pelo nariz de forma lenta e prolongada.
» Solte o ar em pequenos golpes como som ‘Tsss’ ou ‘Chhh’ (como em chave).
» Deve colocar as mãos sobre a parede abdominal para sentir o movimento do diafragma.
Dica: pode utilizar o metrónomo a uma velocidade confortável para soltar o ar a tempo.
Exercício 2 – Aplicar o ar à fonação
» A preparação para iniciar cada exercício é sempre igual, ou seja, expirar todo o ar pela boca (a soprar) e inspirar logo de seguida pelo nariz.
» Pense no som mais agudo que acha que consegue produzir, sim corra riscos :), e de seguida solte todo o ar com ‘Brrrrrrrrrr’ vibração de lábios.
» Vai descer na escala de forma natural da nota mais aguda para a mais grave que consegue com este som.
» Repita umas 3 a 5 vezes no máximo.
Dica: Repare que está a produzir uma vogal a par dessa vibração, um (ê) se quiser.
Exercício 3 – Gerir a pressão do ar
» Para este exercício iremos necessitar de um copo de água meio cheio e uma palhinha.
» Comece por soprar pela palhinha dentro do copo de água. A intenção é manter uma constante produção de bolhas que emergem da água. Inspire sempre que precisar.
» Agora murmure com (‘Mmmm’ ou ‘Hum’) pela palhinha. Mantenha uma suave corrente de ar. O objetivo é conseguir produzir som e bolhas a emergir da água de forma constante sem sair água do copo.
Dica: Se a água salta para fora do copo é sinal que está a usar demasiada quantidade e pressão de ar para produzir som.
Exercícios de Respiração Parte III – Gestão do Ar
A III parte consiste na gestão do ar. Vamos perceber que em diferentes registos da nossa voz, necessitamos de quantidade e pressão de ar distinta para produzir som. Que muitas vezes temos que manter o diafragma suspenso por uns segundos antes de executar uma determinada nota, ou que temos que relaxar imediatamente a musculatura para produzir o som desejado.
Exercício 1 – Pressão do ar distinta
» Vamos colocar uma mão na parede abdominal só para sentir o movimento e na expiração iremos produzir 3 sons distintos: ‘Chhh’ , ‘Tsss’ e ‘Ffff’.
» Soltamos o ar num ritmo constante e com sons curtos, até sentirmos que não conseguimos obter mais movimento da parede abdominal e aí inspiramos novamente.
» Repita três vezes.
Dica: Utilize o metrónomo para manter o ritmo a uma velocidade mais ou menos de 120 BPM para produzir sons de pequena duração. Executa o exercício com uma só expiração.
Exercício 2 – Suspensão
» Chamo a este exercício 4-5-8, porque utilizo contagens para o realizar. Com o metrónomo para poder contar, coloque à velocidade de 80/85 BPM e com 1 tempo.
» Inspire em 4 tempos pelo nariz, aguente o ar lá dentro 5 tempos e expire a soprar com intensidade em 8 tempos.
» Repita três vezes de forma cíclica.
» Assim que tiver mais há vontade com este exercício, faça a expiração com o som ‘Tssssss’.
Exercício 3 – Suspensão ativando intercostais e libertando articuladores
» Com as mesmas contagens do exercício anterior. Inspire em 4 tempos pelo nariz e ao mesmo tempo levante os braços formando com eles uma linha reta com os ombros. Irá sentir o movimento dos intercostais.
»Aguente o ar lá dentro durante 5 tempos.
» Expire pela boca com um ‘Háááá’ surdo. Ao mesmo tempo que expira deixe cair o queixo para baixo, abrindo a boca e relaxando toda a cavidade oral (boca).
» Mantenha os braços na mesma posição e execute o exercício três vezes de forma cíclica. Na última vez baixe os braços lentamente durante a expiração.
» Volte a executar todo o exercício mas agora, na expiração, solte um ‘Háááá’ audível e relaxado. Execute este também, três vezes de forma cíclica.
Dica: É sempre benéfico fazer alguns exercícios de relaxamento antes de fazer exercícios de respiração. Tenha também atenção à sua postura sempre 😉