A ressonância é o resultado de um som que encontra um espaço e se expande. Logo a ressonância na voz é a amplificação da voz por meio de cavidades.
Depois de as cordas vocais vibrarem com a passagem do ar, este transforma-se em som.
Logo, o ar dá origem a uma frequência fundamental e muitos harmónicos que se amplificam nas cavidades nasal e oral.
“…, o som emitido pelas cordas vocais é muito pouco definido parece-se quase com ruído, pois contém quase todas as frequências usadas na fala com igual peso. É a cavidade ressonante, constituída pelas cavidades oral e nasal, que vai transmitir seletivamente as frequências presentes no som emitido pelas cordas vocais e moldar o espectro.”
Acústica / Ressonância por R. Guerra
Se pensarmos que a voz tem três caixas de ressonância, e que cada caixa está destinada a uma gama de sons, sons graves (registo de peito ou voz de peito), sons médios (registo médio ou voz média) e sons agudos (registo de cabeça ou voz de cabeça), temos que canalizar esses sons para a sua caixa de ressonância amplificando assim, a frequência fundamental desse som e os seus harmónicos constituintes, irá permitir-nos ter um som encorpado e distinto.
Caixa de Ressonância Inferior: constituída por faringe, tórax, traqueia e brônquios.
Caixa de Ressonância Superior: constituída por cavidade oral, cavidade nasal e seios paranasais.
“É a combinação dos dois efeitos (variação das frequências de
ressonância e variação do espectro de harmónicos emitido pelas cordas vocais) que produz a riqueza de sons que usamos para comunicar.”
Acústica / Ressonância por R. Guerra
Temos que através do ar transportar os sons para a sua caixa de ressonância, com isto temos uma direção para o ar expirado.
“To attack a tone, the breath must be directed to a focal point on the palate, which lies under the critical point for each different tone; this must be done with a certain decisiveness. There must however, be no pressure on this place; or the overtones must be able to soar above, and sound with, the tone.”
Lehmann, Lili, (1902). How to sing.
No entanto, o processo de articulação também é responsável por direcionar os sons para as suas cavidades de ressonância. Óbvio que isto não é assim tão linear, mas ao atribuir uma caixa de ressonância a cada registo estamos a simplificar este processo o qual definimos como colocação da voz.
“De acordo com o que já vimos, esperamos que os sons correspondentes às frequências próximas das frequências de ressonância sejam amplificados e que os sons correspondentes a frequências afastadas das ressonâncias sejam atenuados. E quais são as frequências de ressonância associadas às cavidades oral e nasal?”
Acústica / Ressonância por R. Guerra
Se tomarmos de exemplo um instrumento como a guitarra, as diferentes formas do corpo do instrumento e o tipo de madeira tem de ser adequados para poder amplificar os sons que resultam das vibrações das cordas. Logo, na voz a forma das nossas cavidades bucal e nasal permitem essa amplificação.
“In instruments changes in the length and form of the resonance
chambers affect the pitch as well as the quality of the tone.”
Fillebrown, Thomas (s.d). Resonance in singing and speaking.
O registo grave corresponde a um conjunto de notas, estas notas tem uma frequência e os seus correspondentes harmónicos, possuem características específicas logo, necessitam de um molde específico para se amplificar, vamos pensar neste molde como a caixa de ressonância inferior.
O registo médio, muitas vezes negligenciado e incluído no registo de cabeça, podemos aqui defini-lo como uma mistura da voz de peito e da voz de cabeça, logo possui características específicas e necessita de um molde específico, vamos pensar neste molde como parte da caixa de ressonância superior. Parte pois, este conjunto de notas é amplificado principalmente na cavidade oral.
O registo agudo, por sua vez também tem características específicas logo também necessita de um molde específico para se amplificar, este molde faz parte da caixa de ressonância superior, principalmente a cavidade nasal e os seios paranasais.
Esta divisão como já foi referido não é assim tão linear, mas este esquema mental de divisão dos sons ajuda na direção e colocação dos sons para que os possamos amplificar e enriquecer.
“Breath direction controls quality, resonance, and volume. Since harmonic overtones are made by directing the breath into different parts of the mouth, you can control the sound by where you direct your breath.”
The Zen of Singing. Breath Direction. Karen Gallinger’s
A ressonância é um fenómeno acústico responsável pela nitidez e distinção dos sons. Assim, conseguimos perceber se estamos a cantar um lá ou um sol.
O ouvido, depois de treinado a identificar, distingue as notas porque a frequência fundamental e os respetivos harmónicos são amplificados.
Não foi por acaso que descrevemos as cavidades de ressonância como moldes, pois como já vimos a cavidade oral faz parte das cavidades de ressonância superiores, é com esta que moldamos os sons e os transformamos em vogais e consoantes.